Patrícia Barão
Patrícia Barão
vice-presidente da APEMIP

A mediação imobiliária como pilar da transparência no setor

05/11/2025

E é precisamente aqui que a mediação imobiliária ganha uma relevância decisiva.

A mediação profissional é, na sua essência, uma garantia de confiança e clareza num mercado que, pela sua complexidade e dimensão económica, exige rigor. O mediador é o tradutor de um processo que, para a maioria dos cidadãos, continua a ser opaco. É quem assegura que cada transação decorre dentro da legalidade, que a documentação é verificada, que os direitos e deveres de todas as partes são respeitados e que a informação é partilhada de forma equilibrada.
A sua função não é apenas comercial, é civilizacional.

Segundo o IMPIC, o número de empresas de mediação imobiliária, com licença válida em Portugal, cresceu de 2.908 em 2013 para 9.164 em 2023, um aumento de 236% em dez anos, equivalente a uma média anual de 12,9%. Este crescimento revela o dinamismo do setor, mas também a necessidade de reforçar a regulação e a ética profissional, pilares essenciais para sustentar a confiança.

Num setor frequentemente exposto a perceções de especulação e assimetria de informação, o mediador é quem reduz o risco de práticas abusivas e reforça a credibilidade do mercado.
A profissionalização trouxe regras, formação, ética e responsabilidade, fatores que aproximam Portugal dos padrões europeus de transparência.

Mas a transparência não se constrói com boas intenções.

Exige regulação eficaz, supervisão ativa e cultura de cumprimento.

Implica que todos os profissionais estejam devidamente licenciados e identificados e que o consumidor saiba reconhecer os sinais de uma mediação legítima.

A informalidade ainda presente em algumas práticas é inimiga da confiança e prejudica, sobretudo, o cidadão.

Importa também reconhecer que a transparência é uma condição estratégica para atrair investimento, interno e externo. Num país onde o imobiliário representa uma fatia relevante do PIB, a perceção de integridade do mercado é determinante para a sua competitividade.
Investidores e particulares precisam de saber que atuam num ecossistema regulado, estável e ético.

A mediação imobiliária é, por isso, um pilar de um mercado mais transparente, profissional e credível.

Num tempo em que o debate sobre habitação se intensifica, o mediador deve ser visto não apenas como um intermediário, mas como um intérprete de realidades distintas, alguém capaz de traduzir dados em decisões informadas, equilibrar expectativas e garantir que cada transação decorre com ética, rigor e clareza.

O futuro do setor dependerá da capacidade de conjugar inovação tecnológica com responsabilidade profissional, para que a transparência deixe de ser uma ambição e se torne um princípio quotidiano do imobiliário português.