É neste ponto que a missão da ADENE se torna clara. Não gerimos centrais nem redes, mas aproximamos a energia das pessoas. Certificamos edifícios, apoiamos municípios, promovemos literacia energética, combatemos a pobreza e estimulamos as comunidades de energia. Este trabalho discreto ganha dimensão quando Portugal é apontado como exemplo internacional. Foi isso que sublinhou Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, ao afirmar na Conferência dos 25 anos da ADENE que “Portugal conseguiu o improvável” e merece “um A+, nota máxima, pela sua evolução energética, passando de 90 para 15% de fósseis, erradicando o carvão, aumentando as renováveis de 30 para 70% e reduzindo as emissões em 50%”.
Esse percurso só foi possível com instituições que ligam políticas às pessoas. Hoje a ADENE está presente em cada certificação energética, em cada etiqueta CLASSE+, em cada pacto assinado por um município ou na experiência direta de um cidadão num dos balcões da Rede Espaço Energia. É esta vertente de proximidade que a Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, destacou, lembrando que a ADENE “não é só um agente da transição, é também formadora, representante internacional e interlocutora próxima do poder local”.
Mas a nossa história vai além das fronteiras. O fim do carvão e a conquista de mais de 70% de renováveis colocaram Portugal no radar global e fizeram da ADENE um parceiro em redes e projetos de cooperação internacional. Hoje participamos na EnR, no MEDENER, no projeto meetMED II e, mais recentemente, no eceee. Estamos também a lançar a Rota da Energia nos PALOP, em parceria com a CPLP. Foi neste espírito que Jorge Moreira da Silva, subsecretário-geral da ONU, afirmou que “o mundo precisa que Portugal esteja mais disponível para exportar a sua energia, o seu conhecimento e a sua experiência”.
Da União Europeia chegam sinais de alerta e de reconhecimento. Paula Abreu Marques, da Comissão Europeia, recordou que é necessário mobilizar mais fundos e melhorar a integração das redes, mas deixou também o elogio ao afirmar que “Portugal provou que é possível acelerar a transição mantendo a inclusão e a coesão. A ADENE é uma referência europeia nesta matéria”. Talvez esta seja a maior lição dos últimos 25 anos, a transição não é apenas sobre tecnologia, é sobre pessoas.
Cooperação é, afinal, a palavra que atravessa a história da ADENE. Cooperação com cidadãos, municípios, empresas e parceiros internacionais. Portugal deixou de ser apenas o bom aluno e começa a ser reconhecido como o professor, capaz de partilhar conhecimento e inspirar o mundo.