Grande parte do património construído até ao início do século XX combina alvenaria de pedra com estruturas de madeira em pavimentos, coberturas e escadas. Muitos desses edifícios encontram-se atualmente degradados devido ao abandono e à falta de manutenção, exigindo intervenções profundas que restabeleçam a segurança e estabilidade estrutural.
O crescimento da construção em Portugal tem impulsionado o interesse pela preservação do edificado existente. As estruturas em madeira podem apresentar anomalias como degradação nas ligações, sobrecargas não previstas, utilização de madeira de baixa qualidade, ataque biológico ou deterioração dos apoios. Torna-se essencial um diagnóstico técnico que combine inspeção visual com ensaios não destrutivos, permitindo estimar as propriedades mecânicas da madeira sem comprometer a sua integridade.
A reabilitação com madeira tem ganho destaque, sobretudo em contextos urbanos. Esta abordagem respeita o património e incorpora soluções contemporâneas sustentáveis, leves e eficazes. Sendo um material renovável, a madeira possui uma baixa pegada ambiental e elevada versatilidade, adaptando-se facilmente a diferentes exigências de projeto. A sua leveza permite intervir em edifícios antigos sem comprometer os elementos existentes, minimizando as sobrecargas.
As soluções de reabilitação beneficiam hoje de avanços tecnológicos significativos, como sistemas de ligação e reforço desenvolvidos para estruturas mistas. A interação entre madeira e materiais como betão ou aço é potenciada por conectores estruturais que asseguram a eficiente transmissão de esforços. Destacam-se ainda os sistemas colaborantes madeira-betão, que reforçam lajes existentes, aumentando a sua rigidez e capacidade resistente. Métodos modernos de fixação permitem acelerar a montagem, mantendo elevados padrões de qualidade e segurança.
As intervenções devem ser dimensionadas de forma rigorosa, compatíveis com os sistemas construtivos originais e em conformidade com a normativa aplicável, nomeadamente o Eurocódigo 5. Quando bem conduzido, o processo permite restaurar a integridade estrutural e adaptar o edifício aos requisitos atuais de conforto térmico, acústico e desempenho sísmico.
Além da vertente técnica, reabilitar em madeira é também uma escolha cultural e arquitetónica. Valoriza elementos tradicionais, como vigas ou pavimentos em madeira maciça, integrando-os com tecnologia moderna que garante durabilidade e desempenho estrutural a longo prazo. Esta convergência entre tradição e inovação reforça a madeira não só como herança, mas como material essencial no futuro da construção.
Num momento em que a sustentabilidade é prioridade, reabilitar com madeira representa uma solução consciente e eficiente para preservar o edificado, melhorar o desempenho das estruturas e promover práticas alinhadas com os desafios ambientais atuais.



