Investidores mostram disponibilidade para comprar imobiliário em 2022

06/10/2021
Investidores mostram disponibilidade  para comprar imobiliário em 2022

Os investidores internacionais confirmaram o seu apetite pelo mercado imobiliário português durante o Portugal Real Estate Summit, o maior encontro de investimento ibérico, que se realizou esta semana no Estoril, a 29 e 30 de setembro. Estão confiantes na recuperação da economia, e mostram-se ativos no mercado.

O evento contou com a presença de 250 representantes da indústria imobiliária portuguesa e estrangeira, incluindo investidores e promotores oriundos de Portugal e Espanha, Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Países Baixos, Suíça, França, Itália e Turquia. Estados Unidos, Canadá e Brasil foram outras nacionalidades presentes neste encontro cujo principal objetivo foi estabelecer um mapa para a recuperação económica da Ibéria, propondo um olhar atento sobre os mais diversos setores do imobiliário.

A Iberian Property estima que o investimento imobiliário em Portugal, no acumulado de 2021 até agosto, tenha atingido um montante de 1.205 milhões de euros, dos quais 47% (561 milhões de euros) dizem respeito a negócios concretizados nos últimos dois meses.

Mais de 80% dos investidores presentes neste encontro pretende investir em imobiliário em Portugal no próximo ano, e 71% considera que este será um ano de aumento de preços no setor. Estas foram apenas algumas das conclusões dos questionários interativos feitos em tempo real no decorrer dos trabalhos destas conferências.

Os segmentos alternativos ganham crescente atenção por parte dos investidores, numa altura em que ficou claro que o paradigma do investimento está a mudar. Desde logo a nível global, observando-se "agora uma abordagem mais temática dos investidores, que olham cada vez mais segmento a segmento", defendeu Dominique Moerenhout, CEO da EPRA. O responsável máximo da associação europeia de REITs frisou que o imobiliário continua a atrair os investidores, tendo sido um setor especialmente resiliente durante a pandemia. Destacou ainda que esta crise foi muito diferente da de 2008, e que a Europa "estava muito melhor preparada. Foi uma crise de liquidez, e não de insolvência".

Por isso mesmo, vê "razões para sermos positivos e otimistas hoje. O setor regressou ao ponto pré-pandemia cinco vezes mais depressa do que na última crise". E deixou o desafio de ver a pandemia "não como uma crise, mas como uma transformação".

70% dos presentes a acreditar que 2022 colocará o crescimento da economia em níveis pré-Covid (2019) e outros 24% a defender mesmo que será um ano em que a atividade económica superará esse patamar, conforme se concluiu através de outra das questões colocadas durante o evento. O sentimento é partilhado pelos dois economistas convidados a comentar as perspetivas para a evolução da atividade, Ana Paula Serra, administradora do Banco de Portugal, e José Brandão de Brito, chief economist do Millennium bcp.

Falta de produto disponível trava o investimento

De acordo com os especialistas das várias consultoras imobiliárias intervenientes na conferência (Cushman & Wakefield, CBRE e Savills), Portugal não escapa a esta tendência de diversificação do investimento, observando-se um maior equilíbrio na alocação de capital aos diferentes segmentos. Ainda que os escritórios, o retalho e, cada vez mais, a logística se mantenham no radar dos investidores, os segmentos emergentes na área residencial, como o arrendamento construído de raiz, as residências para estudantes e as residências sénior, têm um enorme potencial para captar investimento, tendo sido travados até à data pela falta de oferta disponível para investir. O segmento de imobiliário de saúde e bem-estar, além dos data centres e os ativos agrícolas são também apontados como novas fontes de captação do investimento imobiliário em Portugal.

Os investidores presentes no evento defenderam ainda que face ao atual momento de baixa oferta disponível quer nos segmentos tradicionais quer nos emergentes, uma das opções de investimento passará cada vez mais pela aposta na promoção, o que poderá acontecer quer em projetos de construção nova quer em projetos de renovação. David Brush, CIO da Merlin Properties, um dos maiores investidores imobiliários estrangeiros ativos em Portugal, frisou que "além da análise aos setores de alocação do capital, a grande questão hoje é decidir se compramos para rendimento ou se construímos". Na sua perspetiva, "as aquisições são cada vez mais difíceis de concretizar, especialmente quando a visão é de longo-prazo. Por isso, investir na fase da promoção do ativo pode ser uma oportunidade muito atrativa".

Uma das principais dificuldades apontada pelos investidores é a burocracia, nomeadamente a incógnita dos tempos de licenciamento, que se reflete nos custos do projeto, ou a instabilidade legal, de que é exemplo a suspensão do pagamento das rendas fixas dos centros comerciais, medida imposta no último ano. Pedem, sobretudo, estabilidade legal.

Portugal afirma a sua marca no mercado turístico

Com a presença do presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, o tema do turismo foi também debatido, embora neste campo o otimismo seja bastante mais moderado.

Entre os presentes, 53% acredita que a atividade turística está em recuperação e estará em 2022 próxima dos níveis pré-Covid, mas outros 40% defenderam que continuará claramente abaixo de 2019. Ainda assim o setor da hospitalidade não deixou de estar o mapa dos investidores, que se mostram divididos entre investir com certeza neste setor nos próximos dois anos (50%) e considerar investir, mas com prudência, (outros 50%).



Na edição de 2021 o evento contou com os apoios da Abreu Advogados, CBRE, Cushman & Wakefield, Explorer Investments, Morais Leitão, Savills e da Square Asset Management. O Grupo SIL, a Neoturis, a Nhood, a Merlin, a Reify, o GNB Real Estate e a Engexpor associam-se também ao Portugal Real Estate Summit, apoiando os diversos momentos do evento. Entre os patrocinadores institucionais alinham a ACAI, APAF, APFIPP, APPII, ASPRIMA, EPRA, REFINITIV e RICS.