José Araújo
José Araújo
Diretor da Direção de Crédito Especializado e Imobiliário do Millennium bcp

2023 ano moderado e prudente, mas positivo e muito sustentável

11/01/2023

Todos já sabemos da existência da guerra, inflação, aumento taxas de juro e situação sócio- económica nacional e internacional instável, mas muito impactante na vida e economia de todos. Estando conscientes destes aspetos, estamos todos mais preparados para acautelar os seus efeitos e atingir os objetivos que nos propomos para cada setor.

Os setores da habitação e dos escritórios vão ser os grandes atores, continuando a procura já evidenciada no fim do ano passado. No primeiro destes segmentos, pensamos poder existir uma procura mais lenta e expetante da evolução da EURIBOR nos segmentos de mercado médios, mas sem efeito no de luxo com as transações na sua esmagadora maioria a serem realizadas com reduzidos níveis de financiamento. Contudo, a procura de terrenos por parte de promotores mantem tendência positiva, apenas maior prudência nos valores de aquisição e no arranque da construção dos mesmos. No segundo segmento, escritórios, as rendas continuam a subir e procura por espaços novos ou reabilitados está ativa e com ocupação a aumentar. O impacto do fenómeno do teletrabalho (que continua a existir) acabou por não afetar este segmento da forma como inicialmente se perspetivava.

Na Hotelaria, depois do ano passado estrelar pode abrandar um pouco se a recessão na Europa e os nossos principais países de origem dos mercados turísticos forem muito atingidos, mas os seus fundamentais mantêm-se: segurança, clima, afabilidade da população, custos comparativos com outros destinos, e qualidade da oferta.

Logística é segmento já maduro, as compras por via digital vão-se manter e até têm também impulsionado o retalho com o fenómeno do levantamento em loja. Aliás, o Retalho será para mim a maior incógnita já que está em plena recuperação, com muitos investidores a procurar centros comerciais a preços de oportunidade e grandes marcas a adquirem lojas de rua, maiores e com novo e mais atraentes layouts, alterando a sua política de muitas lojas mais pequenas e descentralizadas, que já não servem tão bem o circuito atual dos consumidores finais e as suas preocupações com a sustentabilidade. Será que a diminuição de poder de compra generalizado vai afetar esta linha crescente?

E por falar em sustentabilidade, termino com a clara convicção de que será o ano mais verde da história do setor e onde a preocupação de todos intervenientes é real, não só por questões regulamentares, mas também porque os consumidores começam a diferenciar as ofertas (que não ainda no preço oferecido) por esta preocupação.

Não haverá volta atrás: 2023 será o ano da sustentabilidade no Imobiliário.