Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Dever cívico

04/11/2020

Depois de um verão marcado pelo desconfinamento, batem-se agora todos os recordes. A incerteza permanece e os números de infetados, internamentos e mortes crescem diariamente.

Daqui, vamos já assistindo a alguns países a decretar novos confinamentos obrigatórios, e alguns de nós tentam não esquecer as palavras dos nossos Governantes dando nota de que a economia não aguentará um novo confinamento. Vão-se tomando medidas mais musculadas, que são em simultâneo flexíveis para tentar permitir algum andamento económica, deixando também os cidadãos baralhados com o que é obrigatório ou facultativo.

Há que reconhecer que governar perante um cenário inédito como este é bastante complexo, mas a esta altura as pessoas já vão demonstrando cansaço, que agrava com as mensagens confusas que vão sendo transmitidas, sendo que a meu ver seria necessária uma maior clareza nas medidas implementadas.

É um momento particularmente difícil para todos, a vários níveis. Todos gostaríamos de regressar à vida como sempre a conhecemos, mas para isso também é preciso uma boa dose de civismo, não só pela economia, mas para preservar a vida humana.

É óbvio que ninguém gosta de recolheres obrigatórios e confinamentos, mas parece que há muita gente que ainda não percebeu a mensagem que tem vindo a ser veiculada diariamente.

A esta altura, já não deveria ser necessário apelar ao uso de máscara ou ao cumprimento do necessário distanciamento social. Vivemos numa democracia, é certo, mas parece-me que as pessoas também deveriam ter o bom senso de entender o porquê das coisas terem que ser feitas. É a tal máxima que muitas vezes ouvimos de que “a minha liberdade termina quando começa a do outro”.

Ver pessoas adultas a ignorar o impacto da Covid com atitudes negacionistas, que são também de desrespeito pelo próximo, dá vontade de os arrastar por uma orelha para um hospital, para que possam ver com os seus próprios olhos as dificuldades que os profissionais de saúde enfrentam para dar resposta, não só aos doentes de Covid, mas a todos aqueles que têm necessidade de a ele acorrer.

A falta de civismo, bom senso e noção do impacto que as nossas atitudes podem ter para proteger ou para prejudicar o outro, tem sido mais visíveis do que se gostaria, num cenário que deveria ser de união, não só pela nossa economia mas por um bem ainda maior: a vida de todos.