Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Imobiliário também é essencial

20/01/2021

Os números são assustadores e levaram já o Governo a decretar um novo confinamento que, infelizmente, não está a ser devidamente cumprido pelos cidadãos. Não deixo de ficar abismado com o incumprimento e falta de responsabilidade civil que algumas pessoas revelam, sobretudo depois de vermos diariamente na televisão à agonia e asfixia do nosso Sistema Nacional de Saúde.

Sei que, para quem Governa, nem sempre é fácil encontrar um equilíbrio entre as decisões de caracter sanitário e a manutenção da atividade económica, e sei que o sector imobiliário está solidário com as ações Governativas para travar a pandemia, no entanto, não podemos deixar de discordar de forma veemente da não inclusão da mediação imobiliária nas atividades que podem continuar a decorrer, sobretudo se tivermos em conta que outras como, por exemplo, a venda de automóveis, continuam a acontecer.

Como poderá a compra de um carro ser considerada mais importante que a compra ou arrendamento de uma casa? Não quero com isto dizer que não se deveriam poder vender carros, mas sim que ter um teto tem que ser considerado essencial.

Não faz aliás muito sentido que grande parte da cadeia possa continuar a operar, exceto a mediação. Os peritos avaliadores continuam a poder fazer avaliações, os bancos continuam a poder fazer crédito à habitação, os notários continuam a fazer escrituras, os proprietários podem a título particular vender casas, e construtores continuam a laborar e até a vender… estão a construir para quem, se a grande força de vendas está parada? Estamos a fazer um convite à mediação ilegal e à perigosa acumulação de stock.

Não há nenhuma razão para que as imobiliárias não possam operar, num regime de porta fechada e marcação prévia de visitas, por exemplo. Temos sido um modelo de cumprimento das regras de higiene e segurança e é óbvio que o teletrabalho não resolve o nosso problema e que não temos ao nosso dispor alternativas como o takeaway. Dir-nos-ão que temos a opção de realizar visitas digitais, mas quem é que compra ou arrenda um imóvel sem o visitar previamente presencialmente?

Se, no primeiro confinamento, as empresas conseguiram ser resilientes, desta vez a sobrevivência do sector será muito mais difícil, pois muitas imobiliárias recorreram ao longo do ano passado ao seu fundo de maneio, que se foi esgotando.

Estamos naturalmente preocupados com as nossas agências e funcionários, mas também com todas as pessoas que procuram comprar ou arrendar uma casa recorrendo a profissionais do sector.

Apelamos assim a que nos deixem trabalhar. Da nossa parte, garantimos o cumprimento escrupuloso de todas as medidas de higiene e segurança impostas., pois por mais que possamos criticar o discordar do Governo nas medidas que são tomadas, cabe-nos a todos nós a responsabilidade de as fazer cumprir para que possamos sair desta situação o mais rápido possível