Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

A inflação versus o imobiliário: Uma faca de dois gumes

18/05/2022

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação homóloga em Portugal chegou aos 7,2% no mês de abril. Esta é a taxa mais elevada desde março de 1993. A subida da inflação traz riscos à economia portuguesa.

Atualmente, assistimos a um clima de instabilidade geopolítica, devido à guerra na Ucrânia, que tem agravado ainda mais o crescimento da inflação, o aumento do combustível e do preço dos materiais, trazendo consequências para todo o mundo.

Esta instabilidade veio acentuar um dos maiores desafios que o setor tem vindo a enfrentar: o aumento do preço da construção. Em março, os custos de construção de habitação nova aumentaram 11,6% face ao mesmo período de 2021, de acordo com o INE.

O aumento do custo das matérias-primas, que se tem agravado e acompanhado pela escassez de mão de obra, são fatores decisivos para o custo final das obras e com repercussões no preço das habitações. Também o atraso no licenciamento de novas construções é um fator com grande impacto.

No entanto, simultaneamente, o valor dos imóveis continua a ter uma componente de grande solidez. Não podemos esquecer que uma parte muito significativa das transações imobiliárias resulta de outra transação imobiliária. É no imobiliário que as pessoas confiam.

Além disso, as pessoas continuam a precisar de um sítio para viver e investir, independentemente dos fenómenos que estejam a acontecer, como a inflação e a subida das taxas de juro.

É certo qua a inflação poderá influenciar a procura para outro tipo de ofertas, mas as necessidades de habitação vão continuar. O mercado continua a ser dinâmico e a oferta diferenciada.

Sabemos que, em parte devido à pandemia, os bancos portugueses nunca na história tiveram tanto dinheiro depositado. Previsivelmente, os donos desse dinheiro vão querer protegê-lo, alocando-o no setor imobiliário para não perder valor. Isto é transversal. Seja um agricultor que tenha acumulado algumas poupanças no banco e que agora precisa de proteger o seu dinheiro, seja um empresário ou investidor, todos precisarão de se esforçar para evitar a desvalorização das suas poupanças.

Os mercados de capitais são bastante voláteis, mas o imobiliário tem relevado uma grande estabilidade. Este é um setor que tem superado todos os desafios, desde uma crise financeira a uma pandemia mundial com repercussões sociais e económicas.

Apesar de todos os desafios, a atividade imobiliária continua resistente e a procura continua a ser superior à oferta. O imobiliário é sempre um ativo seguro.