Patrícia Barão
Patrícia Barão
vice-presidente da APEMIP

Portugal: o novo refúgio do sonho americano

15/01/2025

Quando os resultados trazem figuras polarizadoras ao poder, como Donald Trump, não são apenas as políticas internas que se alteram: vidas mudam de direção, e escolhas, antes improváveis, ganham agora uma nova urgência. É nesse contexto que Portugal tem emergido como um refúgio desejado para norte-americanos à procura de novos recomeços. Uma tendência que tem marcado o mercado imobiliário nacional desde o passado dia 5 de novembro.

Não é por acaso que o nosso país se tem destacado aos olhos de quem procura estabilidade. Num mundo cada vez mais marcado por incertezas e divisões, Portugal apresenta-se como um porto seguro: a reputação como um dos países mais seguros do mundo, aliada a um sistema de saúde acessível e de qualidade, oferece um conforto raro, a que se junta o charme das cidades históricas, o acolhimento do povo português e uma cultura rica e vibrante.

Situado na ponta ocidental da Europa, Portugal é uma encruzilhada estratégica entre continentes. Seja para quem quer explorar o resto da Europa, estabelecer laços comerciais com África ou manter ligações com a América, o país oferece uma posição privilegiada. Esta vantagem estende-se ao campo dos negócios, onde setores como o turismo, a logística e o comércio internacional continuam a prosperar.

Para muitos norte-americanos, no entanto, o fascínio começa com o mercado imobiliário. Embora os preços das casas tenham subido nos últimos anos, comprar uma propriedade em Lisboa, no Porto ou até no Algarve continua a ser substancialmente mais acessível do que em cidades como Nova Iorque, São Francisco ou Miami. 

A força do dólar em relação ao euro oferece ainda mais incentivos. Ora, não é por acaso que, de acordo com o Google Trends, os termos "Portugal Property" e “Portugal Houses” estão a registar o maior número de pesquisas nos EUA nos últimos 5 anos. Por sinal, estes termos atingiram o pico de popularidade entre os dias 4 e 9 de novembro, imediatamente antes e depois das eleições presidenciais.

Esta tendência, já significativa, foi amplificada pelo novo paradigma do trabalho remoto. A pandemia da COVID-19 alterou permanentemente a forma como trabalhamos, e muitos profissionais perceberam que podem desempenhar as suas funções a partir de qualquer parte do mundo. Portugal, com infraestruturas digitais robustas, uma comunidade acolhedora de nómadas digitais e espaços de coworking bem distribuídos, tem sabido capitalizar esta nova realidade. Lisboa, Porto e Algarve em particular, têm-se adaptado rapidamente a este público, oferecendo uma combinação única de modernidade, conectividade e autenticidade.

Neste contexto, Portugal assume-se como uma alternativa ao American Dream – ou talvez como o país onde esse sonho se reinventa. Num país onde a segurança, a qualidade de vida e a cultura se combinam de forma harmoniosa, muitos norte-americanos encontram aquilo que perderam em casa: um sentido de equilíbrio.

Num contexto marcado pela incerteza, Portugal emerge como uma resposta sólida. Aqui, não se trata apenas de comprar uma casa, mas de investir num estilo de vida. E, à medida que mais norte-americanos descobrem este pequeno grande país, o mercado imobiliário português não só prosperará, como se consolidará como um dos pilares do "novo sonho americano".