A reabilitação urbana registou crescimentos significativos no mês de outubro, nomeadamente uma subida de 16,7% do nível de atividade do setor em termos homólogos, face a igual mês de 2020, mostra o Barómetro da AICCOPN. Esta subida compara com a de 11% registara em setembro.
Segundo este inquérito feito junto dos empresários do setor que atuam neste segmento, registaram-se crescimentos significativos nos principais indicadores qualitativos. Também o índice Carteira de Encomendas subiu 16% face a outubro de 2020, bem acima dos 7,8% registados em setembro.
Já a produção contratada, que estima o tempo assegurado de laboração a um ritmo normal de produção, registou um incremento de 10,6 meses, um novo máximo histórico desta série que remonta a 2013.
Reabilitação é chave para as cidades
Marina Gonçalves, secretária de Estado da Habitação, referiu na 9ª edição da Semana da Reabilitação Urbana do Porto que a continuidade da reabilitação urbana é chave para a vida das cidades. "É importante que possamos devolver as cidades à nossa população, isso implica um esforço de reabilitação urbana. O investimento tem sido contínuo e é importante que continuemos a criar instrumentos que possam conciliar estas duas necessidades – reabilitação e habitação".
A governante recordou a necessidade de "robustecer o parque habitacional público", que é de apenas 2% atualmente, de que é exemplo o programa 1º Direito, para as famílias com mais carências habitacionais. Aqui, "os municípios são parceiros fundamentais, identificam as respostas mais adequadas a cada agregado e executam esta política no terreno. O Estado Central tem papel de coresponsabilidade nestes instrumentos, e falhamos nisto durante muitos anos". E lembra que "o Plano de Recuperação e Resiliência vem ajudar a reforçar esta resposta. A habitação é uma prioridade também para a Europa".
Mas também destacou a necessidade de criar instrumentos para que a resposta pública possa ser complementada pelos privados, como o Programa de Arrendamento Acessível, os benefícios fiscais para o arrendamento de longa duração ou a construção a custos controlados: "queremos dar as bases para que, neste esforço conjunto, possam ser dados espaços importantes na promoção desta oferta. Para termos cidades onde também podemos viver".
Marina Gonçalves concluiu que "os próximos anos são de desafio e resposta conjunta. É importante pensarmos quais serão os grandes desafios, para criarmos um direito à habitação universal. A habitação é uma prioridade política e do interesse público. É importante estarmos articulados", apelou.
Número de pipelines diminuiu em Lisboa
Entretanto, a promoção de projetos de reabilitação para habitação abrandou este ano em Lisboa, com 144 projetos a dar entrada a licenciamento entre janeiro e setembro, num total de 924 fogos. Segundo os números divulgados no Pipeline Imobiliário da Confidencial Imobiliário, com base nos pré-certificados energéticos emitidos pela ADENE, este pipeline representa um forte abrandamento na promoção residencial neste segmento de mercado, uma descida de 26% no número de fogos face a igual período do ano passado, quando foram submetidos a licenciamento em Lisboa 215 projetos residenciais de reabilitação, num total de 1.249 fogos.
Também os projetos de construção nova submetidos a licenciamento registaram um abrandamento, num total de 43 projetos e 1.352 fogos, menos 7% face ao ano passado, quando foram registados 90 projetos de habitação de construção nova em Lisboa.
Segundo a Ci, da perda de dinâmica mais acentuada no segmento da reabilitação resultou uma alteração na estrutura da promoção imobiliária da cidade: este tipo de obra passou de representar 46% dos fogos em carteira em 2020 para 41% em 2021 (janeiro a setembro). A construção nova reforçou a quota de 54% para 59%.
Considerando os dois tipos de obra, no total Lisboa registou nos primeiros 9 meses deste ano um pipeline de habitação de 187 novos projetos e 2.276 fogos (-16%).
Imóveis para reconversão são oportunidade de investimento
Rui Felgueiras, do Millennium bcp, ao Público Imobiliário, explicou que os imoveis com capacidade de reconversão são muito boas alternativas de investimento para arrendamento e rentabilidade. “Temos em carteira ativos não habitacionais que, face à sua capacidade construtiva e localizações, têm sido procurados por clientes para outros usos”.
Aliás, este especialista confere que o Banco tem sentido que não só os investidores e compradores finais nacionais procuram este tipo de ativos, como as famílias também se mostram interessadas para uma segunda habitação, os investidores para alojamentos locais e arrendamentos, bem como ativos destinados a serviços. “Ultimamente, a procura por este tipo de ativos tem sido cada vez maior, quer fruto da escassez de oferta de construção nova, quer por serem processos mais ligeiros em termos de prazos de licenciamentos, sendo a mesma por todo o País e especialmente nos centros urbanos”.