O Banco Central Europeu (BCE) subiu no início deste mês as taxas de juro de referência em 25 pontos base, um abrandamento das subidas face aos últimos meses.
A taxa às operações principais de refinanciamento subiu assim para 3,75%, enquanto a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez subiu para 4%. Já a taxa de referência para os depósitos subiu para 3,25%.
O BCE justificou esta sétima subida consecutiva menos acentuada com o impacto que a política monetária já poderá a ter na economia e, sobretudo, na inflação. Até porque, na última reunião dos governadores do BCE, ficou decidido que esta subida do início de maio ficaria dependente de vários dados, que entretanto justificaram a decisão de abrandar a subida dos juros. A inflação desceu nos últimos meses, mas o BCE alerta que as pressões inflacionistas “permanecem fortes” e que “as perspetivas de inflação continuam a ser demasiado elevadas durante demasiado tempo”.
Em comunicado, o BCE avançou que que “as taxas de juro diretoras do BCE permanecem o principal instrumento ao dispor do Conselho do BCE para estabelecer a orientação da política monetária”, e que “as futuras decisões do Conselho do BCE assegurarão que as taxas diretoras sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos para lograr um retorno atempado da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo e sejam mantidas nesses níveis enquanto for necessário”. Ou seja, as decisões do Conselho do BCE sobre as taxas diretoras “continuarão a basear-se na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”.
Esta foi a sétima vez que o BCE subiu as taxas de juro de referência, mas foi a primeira vez que subiu apenas 25 pontos base. A 16 de março, 2 de fevereiro e 15 de dezembro subiram 50 pontos base, e a 28 de outubro e 8 de setembro subiram 75 pontos base. Foi a 21 de julho de 2022 que o BCE aumentou as taxas de juro diretoras pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base.
Os efeitos do aumento do custo do dinheiro sentem-se no aumento dos juros do crédito à habitação, mas também no investimento imobiliário. Os economistas do BCE preveem que o investimento na zona euro possa descer cerca de 5% ao fim de três anos, um impacto bem menos relevante do que aquele que é esperado nos Estados Unidos, um mercado mais volátil onde uma subida de 1% das taxas de juro de curto prazo levarão a uma descida de 8% no investimento ao fim do mesmo período, citam o DV e a Lusa.