Cada vez mais se assiste a um aumento da contratação de crédito habitação assente em taxa fixa, disse ao Público Imobiliário Patrícia Santos, CEO da Zome, relembrando que este aumento tem-se vindo a registar desde 2019. “No primeiro semestre deste ano, em termos médios, 59% da contratação de créditos habitação foi com taxa fixa, que representa um aumento de 11 pontos percentuais quando comparado com o mesmo período de 2021”. Valores que, no entender da executiva, “significam uma tendência de procura de maior segurança por parte dos clientes e uma redução de risco considerável para o mercado imobiliário residencial, num futuro próximo, através da redução do incumprimento das responsabilidades bancárias das famílias”.
Taxa fixa dá mais segurança
A CEO admite ser ainda muito cedo para avaliar o impacto da decisão do Banco Central Europeu em aumentar as taxas diretoras, o primeiro aumento em mais de uma década, mas confessa que esta é uma situação que “cria alguma apreensão junto dos clientes”. Patrícia Santos explana que este é um cenário de uma certa preocupação pelas circunstâncias e pela conjuntura que levou à decisão deste aumento das taxas Euribor, “mas no que diz respeito ao impacto que possa vir a ter na mediação, historicamente já passamos por mercados cujas taxas estavam bastantes mais altas”. De resto, a responsável explicou que os clientes estão cada vez mais sensíveis ao facto de a taxa fixa ser uma solução mais estável, mais segura, embora a prestação a curto prazo seja superior. “Mas acaba por dar estabilidade e segurança a um orçamento familiar”.
Mais produto houvesse...
Na entrevista, Patrícia Santos enfatizou o desafio de lidar com a falta de produto, um repto que já tem mais de ano e meio. “A escalada de preços que se tem observado nas casas é muito fruto desse fenómeno: há um excesso de procura face à oferta”. Ou seja, neste momento, mesmo com a taxa Euribor mais alta, o impacto na mediação (ainda) não se faz sentir. “Se mais produto houvesse, mais vendas existiam”, disse a CEO, enumerando os exemplos de Lisboa, Porto, Braga, Coimbra ou Leiria. “As cidades de maior dimensão têm essa dificuldade. Há construção mas ou ainda não está terminada ou há muitos pedidos de licenciamento que atrasam devido à burocracia”. A executiva falou ainda nos efeitos da pandemia e da situação de guerra que levou a que muitos construtores adiassem as construções face à escalada de preços. “Isso tem feito com que o novo produto não entre no mercado ao ritmo que gostaríamos”.
Um excelente primeiro semestre
Em declarações exclusivas ao PI, Patrícia Santos adjetivou o primeiro semestre deste ano de “muito positivo”, com crescimentos quer ao nível de transações quer volume de negócios quando comparado com o mesmo período de 2021. “Tivemos um aumento da procura na ordem dos 20%”, acrescentou.
A rede, que fez três anos em abril, teve um crescimento de 40% no número de unidades de franchising. “Só no primeiro trimestre, abrimos 11 novas unidades em Portugal”. Hoje, são 34 agências abertas, já contemplando quer Açores quer Madeira, sendo o objetivo da marca terminar o ano com 50 unidades, sobretudo com um reforço na zona da Grande Lisboa. “Claramente crescemos acima do mercado”.
Em termos de volume de transações, o primeiro semestre da Zome fechou com 353 milhões de euros, um crescimento de 12% face ao ano anterior, com as unidades em funcionamento a serem responsáveis por uma faturação de 12,1 milhões de euros.