“Entrega de construção nova será inferior ao expectável e necessário”

02/02/2022
“Entrega de construção nova será inferior ao expectável e necessário”

A chegada da pandemia e dos consequentes problemas nas cadeias de distribuição veio claramente impactar o mercado imobiliário. A escassez de mão-de-obra, de matérias-primas, o aumento dos preços dos materiais a somar ao ”lento processo de licenciamento, ou à pouca adesão a processos de industrialização da construção em Portugal”, leva a que “a entrega de construção nova seja inferior ao que seria expectável e necessário”, defende Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, que identifica que ”precisamos, claramente, de obra nova”.

Em entrevista ao Público Imobiliário e VI, o responsável da rede defende que a construção de habitação nova é necessária para responder à falta de oferta no segmento médio e recorda que ”houve nos últimos anos uma grande aposta no turismo, no segmento de luxo, e isso atrasou a construção nova para os portugueses, ou mesmo para uma procura internacional que procura tickets abaixo dos 300 mil euros”.

No ano passado, ter-se-ão fechado cerca de 190 mil transações de compra e venda de casa no país. Na zona de Lisboa, por exemplo, Ricardo Sousa prevê que o problema do acesso à habitação ”vai alastrar-se a outros municípios da Área Metropolitana de Lisboa. Quem tem poder aquisitivo está a movimentar-se entre concelhos, e isto vai criar uma pressão acrescida”.

Os desafios para 2022

A rede “tem conhecimento sobre essa procura, e temos de lhe dar resposta”. Na zona da Área Metropolitana de Lisboa, a Century 21 tem “mais de três mil agentes diariamente em contacto com esta procura, e estamos a trabalhar com vários promotores no desenvolvimento e na definição de preços, bem como na distribuição desses mesmos imóveis. É um trabalho de base que tem de ser feito com a promoção imobiliária, e estamos a trabalhar estreitamente com a APPII, para resolver o problema da oferta da classe média. Queremos ser esse elo de ligação para fechar esse gap que existe hoje entre oferta e procura”, afirma.

Entre outros desafios para 2022, Ricardo Sousa destaca o inevitável aumento das taxas de juro, devido à pressão da inflação, o que pode “impactar quem vai entrar no mercado, será mais difícil cumprir os critérios de acesso ao crédito”.

Por outro lado, se a recomendação do Banco Central Europeu de que os créditos tenham maturidades de 30 anos passar a ser uma obrigação ”terá um impacto grande na classe média que precisa de recorrer ao crédito. O número de portugueses que pode comprar uma casa, vai reduzir-se e isso vai ter impacto na procura”.



Convenção Century 21 realiza-se esta semana

A Convenção Ibérica da Century 21 “One 21 Experience” realiza-se esta semana na Altice Arena, em Lisboa, nos dias 3 e 4 de fevereiro. Para o CEO Ricardo Sousa, este “é um momento importante para nós pois voltamos a estar juntos na nossa marca”. O responsável avançou que são esperadas mais de duas mil pessoas, garantindo que “somos muito realistas e vivemos ainda um momento muito delicado da pandemia. A opção de ir para a Altice Arena foi a pensar primeiro na segurança dos participantes”.

Entre os temas que estarão em destaque durante o evento estão a transformação digital, as necessidades de adaptação do negócio ou a forma como se gerem as relações com os clientes e colaboradores. Será discutida a integração de várias tecnologias com parceiros, como o Micro-SIR, da Confidencial Imobiliário, entre outros, de forma a “dar um serviço mais rápido e relevante aos nossos clientes”. Ricardo Sousa garante que “2022 será marcado pela integração destas parcerias”.