Futuro do imobiliário terá de passar por práticas mais sustentáveis

21/07/2021
Futuro do imobiliário terá de passar por práticas mais sustentáveis

Esta quarta-feira, o responsável foi o convidado do 34º Executive Breakfast da APPII – Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, numa sessão sobre “A importância da reabilitação e da eficiência energética dos edifícios no âmbito do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência".

Preconizada nas metas definidas no Pacto Ecológico Europeu (PEE), "a eficiência energética já está definitivamente no centro da ação política" e, como tal, é um elemento central no pacote de ações preconizado pelo Governo no PRR, começou por dizer Nélson Lage. Mas, e a par com todas as novas regras e objetivos propostos pelas políticas públicas, a verdade é que "o tema nunca esteve tanto na ordem do dia junto da opinião pública como agora, pois o próprio consumidor final está mais consciente" do impacto ambiental das suas escolhas e ações, e da urgência da descarbonização.

"Há um novo paradigma" que começa a ganhar corpo, diz o presidente da ADENE, garantindo que "o futuro do imobiliário terá de passar necessariamente pela maior utilização de materiais e práticas mais sustentáveis. Esta tem de ser uma aposta do setor, implicando mais investimento e que não depende necessariamente das políticas públicas", afirmou o responsável. E, por isso mesmo, "queremos profissionais mais conscientes da urgência destas questões em todas as áreas", clama.

Reconhecendo que "é um momento muito desafiante para todos", Nélson Lage fez um breve resumo das metas definidas pelo Governo para o setor no âmbito do PRR e da ELPRE (Estratégia de Longo Prazo para a Renovação de Edifícios", explicando que "todas estas políticas, estratégias e programas vão trabalhar em conjunto" em prol da descarbonização e da maior eficiência no consumo de recursos naturais, mas também para mitigar a pobreza energética do parque edificado português.

"Para que atinjamos os objetivos propostos para os próximos 30 anos é fundamental renovar o parque edificado", e "com a bazuca europeia temos uma grande oportunidade para investir a sério nos próximos cinco anos. É uma grande oportunidade para todos e que, dada a sua dimensão, não voltará a repetir-se tão cedo", adverte. Por exemplo, entre subvenções e linhas de crédito, "só a ELPRE tem previsto um investimento global de 7.671 milhões de euros até 2040 para reduzir a pobreza energética dos edifícios, o que de grosso modo, representa mais de 250 milhões de euros por ano para este fim".

"Todo este investimento na renovação do parque edificado ao longo dos próximos 30 anos terá certamente efeitos muito positivos e que esperamos que se prolonguem por mais outros 30 anos. No entanto, estaríamos mal se só avaliássemos os nossos programas, como a ELPRE no fim desse período", reconheceu ainda Nelson Lage. "Temos, sim, que ir avaliando o feedback do setor à medida que vamos anunciando e implementando estas medidas", garantiu.

"Todos sabemos que o Pacto Ecológico Europeu [PEE] vai passar a regularizar as nossas vidas nos próximos anos", começou por dizer o presidente da APPII, Hugo Santos Ferreira, garantindo que "todo o setor está fortemente empenhado em reduzir a pobreza energética e trabalhar em prol da descarbonização". Contudo, aponta, "a legislação existente é um pouco avulsa e torna-se difícil entrosar todas as suas vertentes. E a nossa preocupação é se a complexidade desta legislação não poderá acabar por se tornar num monstro, fazendo com que a sua transposição se revele uma mão cheia de nada", alertou o líder associativo dos promotores imobiliários.