Imobiliário poderá aceder a nova linha de mil milhões planeada pelo Governo

08/04/2020
Imobiliário poderá aceder a nova linha de mil milhões planeada pelo Governo

O setor do imobiliário tem passado, nos últimos anos, por uma fase “extremamente positiva”, relembra Luís Lima, presidente da APEMIP – Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal. E apesar de ainda não existirem dados oficiais do mercado referentes a 2019, o presidente garante que o crescimento foi positivo. Mesmo em 2020, janeiro e fevereiro foram meses igualmente pautados por bons resultados. “É verdade que agora estamos a passar por uma circunstância que nos ultrapassou, sendo difícil neste momento prever o futuro”.

Luís Lima salienta, no entanto, a resiliência do setor da mediação imobiliária, que na altura da Troika “foi essencial na recuperação económica do país” e igualmente essencial para o setor imobiliário em geral. “Qual era o promotor que não precisava de trabalhar com uma mediadora imobiliária? Qual era o particular que não precisava de uma mediadora? O número de transações mediadas nessa chegou a ser de 74%”. Nos últimos tempos, esta percentagem veio a decair, admite o presidente da APM. “À medida que diminuiu o stock, o peso e a importância dos mediadores no negócio deixou de ser tanta”, explicou o responsável, no Conversas Diárias – Especial Covid-19, uma colaboração entre o Público Imobiliário e a Vida Imobiliária. “No futuro, o papel do mediador imobiliário vai voltar a ser fulcral. Isto não é dar falsas esperanças, é uma constatação da realidade. As empresas que conseguirem aguentar, no futuro vão ser mais necessárias, vão ser imprescindíveis. Qualquer promotor ou particular que pensava que conseguia fazer um negócio sozinho está errado. Cada vez mais vai precisar de uma boa mediadora que o ajude a colocar o imóvel no mercado”, garantiu.

Apoios não são suficientes

Relativamente ao novo panorama, Luís Lima é perentório ao afirmar que os apoios atuais não são os suficientes. “Temos estado em conversações com o Governo sobre esse tema. A única linha de crédito à qual poderíamos aceder, dos 200 milhões de euros, já está completamente esgotada. Já não há dinheiro”, alertou. “Felizmente, através da CCP, e em negociação com o Governo, conseguimos inserir a mediação numa nova linha específica para o setor do comércio e serviços, que inclui o CAE da mediação imobiliária, uma linha de cerca de mil milhões de euros, com condições semelhantes às do turismo e da restauração, que nos vai ajudar imenso”.

Nos últimos anos, o setor imobiliário, no entender deste responsável, foi uma âncora segura, com muita gente a investir as suas poupanças neste mercado, algo que vai continuar a acontecer, diz. “Nos próximos dois ou três meses vamos preocupar-nos mais com a saúde, mas depois disso sim, vai continuar a ser uma opção. O imobiliário já mostrou no passado que pode ter um papel preponderante na recuperação do país. Pedimos que as pessoas não reajam emocionalmente. Quem tiver capacidade financeira e puder aguentar, teremos no futuro uma estabilização de preços”. O líder associativo é da opinião que o imobiliário vai recuperar até mais rapidamente que o setor do turismo. “Vai ajudar a captar investimento estrangeiro”.

Aliás, Luís Lima admite que a recuperação vai ser difícil, mas num tempo mais longínquo Portugal poderá até recuperar mais rápido que outros países. “Nos últimos três meses do ano vamos trabalhar noite e dia para tentar recuperar o que for possível, com eventos atrás de eventos. Acredito que no fim do Estado de Emergência saia um decreto com duração de três meses a proibir a organização de eventos”.