De janeiro a junho, o investimento em Imobiliário Comercial ultrapassou os 780 milhões em Portugal, uma variação homóloga de 45%. Com mais quatro transações recentes, que contribuíram com 360 milhões de euros, o total subiu para um valor superior a 1,1 mil milhões euros até ao final do mês de agosto deste ano.
É o que revelam os dados do WMarket Review Mid-year 2022, uma publicação bianual da Worx Real Estate Consultants que analisa a atividade recente do mercado imobiliário em Portugal e apresenta tendências e previsões para os próximos tempos. Sílvia Dragomir, head of research da Worx Real Estate Consultants, frisa que “neste estudo, considerou-se relevante olhar para o contexto macroeconómico de pressão nas condições financeiras, o aumento das taxas de juro de referência (com o impacto expectável e visível nos mercados de capital), o aumento dos custos de financiamento das empresas, a inflação alta, a depreciação do euro face ao dólar, e a redução do rendimento real disponível das famílias”. Incorporou-se também no estudo a vertente da sustentabilidade de forma transversal, na análise dos diversos setores imobiliários.
Principais transações de investimento em CRE
Como referido, até ao final do mês de agosto de 2022, o investimento em imobiliário comercial ultrapassou os 1.100 milhões de euros. A publicação destaca assim as principais transações de investimento em CRE: os portfólios Connect, vendidos pelo Novo Banco à Blackstone por 208 milhões de euros; das residências de estudantes Smart Studios, vendidas à Round Hill Capital por 200 milhões de euros; e um outro de Industrial & Logístico, adquirido também pela Blackstone à M7 Real Estate por 125 milhões de euros.
O setor I&L liderou o volume de investimento, com 37% dos capitais alocados, assinalando as duas das maiores transações do ano. No geral, as yields prime em Portugal registaram uma redução durante o último ano, com compressões de 25 pontos base (p.b.).
Escritórios com procura elevada
Na Grande Lisboa, o mercado de escritórios transacionou um volume de 168.300 metros quadrados colocados no primeiro semestre de 2022, distribuídos por 105 operações. Somam-se ainda 36 operações que colocaram o volume de absorção em níveis de 207.200 m² até ao oitavo mês do ano. A Worx revela que o nível de procura efetivada quase triplicou face ao período homólogo e já ultrapassou o valor registado no final do ano 2021, de 161.600 m², sendo que a tendência de crescimento da oferta vai manter-se nos próximos anos.
Estão atualmente em construção 12 projetos, que vão trazer cerca de 240.600 m² de novos edifícios de qualidade acrescida ao mercado: cerca de 78% já se encontra pré-arrendada. As rendas prime no mercado de escritórios têm registado ligeiros aumentos ao longo do último ano, até 5%.
Uma "trajetória crescente" do setor do retalho
De acordo com a amostragem recolhida pela consultora, verificaram-se 200 novas aberturas no primeiro semestre – o comércio de rua representa 70% e os setores da restauração e do alimentar foram os mais ativos, com 57% e 12%, respetivamente. As rendas prime do último trimestre registam €127,5/m²/mês no comércio de rua em Lisboa, e €67,5/m²/mês no comércio de rua no Porto. No que diz respeito à renda prime cobrada nos centros comerciais ainda não recuperou totalmente face a 2019, situando-se em €95,0/m²/mês, e nos retail parks aumentou para os €11,0/m²/mês.
I&L com quebra homóloga de 40%
Apesar de registar mais de 210.000 m² de absorção no primeiro semestre de 2022, a atividade no setor I&L em Portugal sofreu uma quebra homóloga de 40% – justifica-se pela forte procura registada em 2021, fruto do crescimento do comércio online e da procura dos consumidores de forma geral, indica a Worx.
A consultora refere ainda que, de abril a junho, houve uma tendência de subida de rendas prime nas localizações mais próximas dos centros urbanos de elevada densidade e nas principais zonas com projetos novos na Área Metropolitana de Lisboa. As rendas na cidade de Lisboa praticam o valor mais elevado, encontrando-se nos €5,50/m²/mês de renda prime, seguida pelo Eixo Loures-Amadora e o Corredor Oeste com a segunda e terceira renda mais elevada dada a proximidade aos centros urbanos, €5,50/m²/mês e €5,0/m²/mês, respetivamente.
Lisboa e Algarve com o maior número de dormidas
A procura turística atingiu 14,3 milhões de hóspedes e 37,2 milhões de dormidas em estabelecimentos turísticos até julho de 2022. Lisboa e Algarve continuam a ser as regiões com o maior número de dormidas no país, com um total de 10 milhões cada e um peso de 26% e 28%, respetivamente.