Em junho, foram colocados 5.114 m² de escritórios no mercado de Lisboa. Números que representam menos 3% que o take up registado no passado mês de maio. Este valor de absorção compara com os 39.219 m² colocados em junho de 2019, o mês mais forte desse semestre. Os resultados revelam um contexto de mercado em plena pandemia, e é expectável que a retoma gradual se verifique apenas nos últimos meses de 2020.
Nos primeiros seis meses deste ano, o mercado registou uma absorção de 84.075 m², uma quebra da absorção de cerca de 24% face a igual semestre do ano passado, quando foram absorvidos 110.060 m².
Rodrigo Canas, Associate Director do departamento de Escritórios da Savills Portugal, nota que "o mês de junho encerra o segundo trimestre do ano de forma expectável, perante o contexto pandémico que ainda estamos a viver. A descida no volume de ocupação é reveladora de uma atitude mais cautelosa e de uma visão para os próximos meses assente num elevado grau de incerteza".
Alexandra Gomes Portugal, Associate Market Research da Savills Portugal, destaca ainda que "apesar de a descida semestral no volume de absorção ter sido significativa, quando efetuamos uma análise mais detalhada aos volumes de área contratados conseguimos perceber que o mercado de Lisboa continua a captar operações de grande dimensão (superiores a 5.000 m2), sendo que estas registaram um decréscimo residual de aproximadamente 4% comparativamente com o período homólogo de 2019".
Por outro lado, Rodrigo Canas admite que "embora o segundo semestre possa verificar uma retoma da atividade um pouco mais expressiva, à medida que as empresas vão gradualmente recuperando os seus níveis de atividade, o ano 2020 ficará marcado por um valor de ocupação total abaixo dos valores verificados nos últimos dois anos".
No segundo trimestre, verificou-se uma descida de 30% no número de operações, face ao trimestre anterior, num total de 23 negócios. A descida é de 42% em termos trimestrais. A zona Prime CBD registou o maior volume de absorção do trimestre, somando um total de 18.805 m², dos quais mais de 16.400 m² dizem respeito à ocupação do Edifício Monumental pelo BPI.
Take-up do Porto sobe 65%
Entretanto, a ocupação de escritórios no mercado do Porto registou uma subida de 65% em junho, face ao mês anterior, num total de 3.034 m² colocados. O take-up acumulado desde o início do ano mantém-se 25% acima do ano passado, apesar da pandemia.
De acordo com o Office Flashpoint da JLL, em resultado do comportamento do mês de junho, o Porto manteve a atividade de 2020 acima do ano anterior. Entre janeiro e junho foram colocados 25.581 m² de escritórios na Invicta, mais 25% que no primeiro semestre do ano passado. No final de maio, o take-up acumulado desde o início do ano estava 10% acima do período homólogo.
Desde o início do ano, foram registadas 23 operações de ocupação de escritórios no Porto, numa área média de 1.112 m². As zonas mais ativas foram a zona 1 - CBD Boavista, com 37% da atividade, e a zona 6 – Matosinhos, com 21%. A procura esteve especialmente dinâmica por parte do setor de “Serviços a Empresas”, com 34% da absorção semestral, e “TMT’s & Utilities”, com 26%.
Mariana Rosa, Head of Office & Logistics Agency & Transaction Manager da JLL, aponta que "neste momento, assistimos à concretização de operações mais pequenas, enquanto os negócios de maior escala estão praticamente suspensos, reflexo de uma maior cautela por parte das empresas em avançar, nesta fase, para planos de expansão. Não só as empresas estão menos capitalizadas, como lidam ainda com muita incerteza no que se refere ao tipo de ocupação a adotar nos seus atuais espaços, Quer no Porto quer em Lisboa, é importante perceber que a procura não desapareceu e que, à medida que formos evoluindo nas medidas de desconfinamento, vamos assistir a uma retoma na procura de novos espaços", conclui.