Mercado imobiliário ainda não evidencia descida de preços

09/06/2020
Mercado imobiliário ainda não evidencia descida de preços

Foi esta uma das questões debatidas durante o webinar “Sentimento do Mercado”, parte do ciclo “O Roteiro da Retoma”, promovido pela APPII, pela Vi e pela Ci, que decorreu esta segunda-feira.

Na ocasião, Ricardo Guimarães, diretor da Ci, destacou que os números do Índice de Preços de Transação, com base no SIR, mostram que a variação mensal dos preços passou de valores de cerca de 1,5% antes da pandemia para 0,4% em março, 0,5% em abril e 0,9% em maio, o que é «muito importante do ponto de vista da capacidade de resistência do mercado como um todo à estratégia de redução de preços», comenta.

Este responsável evidencia que «há uma forte convicção em relação aos fundamentos do mercado. Ainda não vemos os preços a cair, estão, sim, estáveis. O mercado não sente que tenha necessidade de ajustamento no preço, tudo está condicionado pela duração da pandemia».

Para medir o “pulso” ao mercado, a Ci, em parceria com a APPII, promove o Investment Property Survey, relatório que mostra que a incerteza da pandemia já tem influência nas expetativas dos operadores do mercado para os próximos meses. Os profissionais ficaram mais pessimistas em relação à evolução dos preços desde o início do ano, com o índice das expetativas a passar de 1,2% e 1,1% no início do ano para -8,4%, num cenário de correção nos próximos meses, e -15,7% no número de transações.

Segundo Ricardo Guimarães, «o mercado espera um relativo progresso do volume de vendas» nos próximos meses, que deverá culminar numa descida anual de 16% no final de 2020. Isto porque o Índice de Volume de Vendas da Habitação mostra que depois de descidas de 17% e 53% em março e abril, respetivamente, registou-se uma subida de 23% em maio.

Por outro lado, num breve questionário colocado pela organização durante o webinar, 65% dos assistentes afirmou que uma eventual quebra dos preços nos próximos tempos será visível, mas reversível. 27% considera que a quebra será relativamente pequena, e apenas 8% considera que será significativa e dificilmente reversível.

Pandemia não trava projetos

Apesar do abrandamento da atividade com o confinamento, a maior parte dos promotores inquiridos no Investment Property Survey não mostra intenção de adiar os seus projetos, ou de baixar os preços para manter a procura.

A Nexity é exemplo disso. A promotora francesa mantém os planos que tem em carteira, garante Frernando Vasco Costa, Managing Director da empresa em Portugal, que também participou neste webinar. E também Luís Gamboa, COO da VIC Properties, atesta que «os nossos planos mantêm-se. São planos com uma dimensão considerável, e de longo prazo», e afirma que «esperamos manter o ritmo planeado».

José Gil Duarte, Founder & CEO da Essentia, testemunha que «temos sentido que os nossos investidores vão manter os seus planos», e salienta a crescente necessidade de habitação para o segmento baixo, médio/baixo. Já a hotelaria, vai ter de esperar um pouco: «a abertura dos nossos projetos está programada para 2022».

Tiago Eiró, CEO da Eastbanc, mostra-se também «confiante no futuro», que vê como «uma oportunidade». As obras da empresa não pararam, e as intenções de investimento em Lisboa somam os cerca de 40 milhões de euros.

Investimento vai ser essencial para a retoma

O investimento imobiliário vai ser fundamental para garantir a retoma do setor no pós-Covid. E nesse sentido, a APPII já lançou o Programa Relançar, que visa precisamente fomentar a captação de investimento estrangeiro, com base no Manifesto dos promotores imobiliários, criado para elencar as principais medidas necessárias à retoma do setor e da economia.

Dando nota das principais medidas deste programa, Hugo Santos Ferreira, vice-presidente executivo da APPII, garantiu que o setor e o Governo estão «mais alinhados do que nunca na importância da captação de investimento estrangeiro».