O valor da sustentabilidade

23/04/2020
O valor da sustentabilidade

Lisboa

Casas com certificação energética superior com prémio de 40%

Conforme os dados apurados pela Confidencial Imobiliário no âmbito do SIR-Reabilitação Urbana, o qual cobre um total de 17 freguesias da cidade de Lisboa, em 2019, o preço médio de venda das casas com classe energética A+ a B- atingiu os 5.570€/m2, mais 1.603€/m2 que os 3.967€/m2 a que se registaram a média das vendas na cidade. Ou seja, tal significa que os compradores estão dispostos a pagar um prémio de 40% para adquirirem uma habitação com um desempenho energético superior.

A freguesia de Arroios, que regista a maior procura, com uma quota de 13% nas vendas residenciais em 2019, é aquela onde tal diferenciação é mais valorizada, igualmente refletindo um prémio de 40%. Se a habitação em Arroios é vendida em média a 3.680€/m2 em Arroios, a que aposta nas classes A+ a B- atinge um preço de 5.147€/m2. Também na Ajuda, que tem sido uma aposta crescente para o desenvolvimento de novos projetos residenciais, o prémio das classes energéticas superiores é elevado, ficando em 33%, o segundo mais expressivo da cidade. Neste caso, comparam-se 4.349€/m2 na venda de habitação com maior eficiência energética com a média geral de mercado de 3.265€/m2. Ainda com um prémio bastante interessante está São Vicente, uma das freguesias do Centro Histórico, onde tal diferencial é de 31%, ou seja, comparando 3.817€/m2 da realidade média de mercado com 5.015€/m2 da certificação superior. Há ainda a destacar Alcântara, igualmente um destino de novos investimentos, e as Avenidas Novas, mercado residencial consolidado no centro de Lisboa, onde os prémios atribuídos a esta aposta energética são de, respetivamente, 27% e 24%. Os respetivos preços de venda são de 3.329€/m2 e de 4.369€/m2, atingindo, assim, os 4.216€/m2 e os 5.404 €/m2, respetivamente, quando as casas têm maior eficiência energética.

Nas freguesias mais valorizadas do mercado, nomeadamente Santa Maria Maior e a Misericórdia, que constituem o território do Centro Histórico com São Vicente, e Santo António, que integra a Avenida da Liberdade, o prémio é um pouco menor do que nas anteriormente referidas, variando entre 18% e 20%. Nestas três freguesias o valor médio de venda do mercado está entre os 5.400€/m2 e os 5.500€/m2, sendo as habitações com certificação energética superior transacionadas entre os 6.500€/m2 e os 6.600 €/m2.

Refira-se que em 2019, 21% das habitações transacionadas no território do SIR-Reabilitação Urbana em Lisboa possuíam certificação energética A+ a B-, atingindo nas freguesias mais valorizadas pesos que chegam a 47%. Já em Arroios, a freguesia com o prémio mais elevado da cidade, as habitações destas classes ainda representam apenas 13% das vendas.

Porto

Casas com certificação energética superior com prémio de 17%

As casas com classificações energéticas de A+ a B-, as classes superiores, apresentam um valor médio de venda de 3.227€/m2 no Porto em 2019, considerando o território coberto do SIR-Reabilitação Urbana, o qual abrange as nove Áreas de Reabilitação Urbana definidas na cidade. Tal valor apresenta um prémio de 17% face ao preço médio de venda registado no total do mercado, que em 2019 atingiu os 2.765€/m2. Em termos absolutos, os compradores estão dispostos a pagar mais €462/m2 se a habitação tiver uma certificação energética entre A+ e B-.

Curiosamente é nas Áreas de Reabilitação Urbana menos valorizadas que tal prémio atinge maior expressão, sugerindo que nestes mercados a certificação energética é um fator de forte diferenciação para o produto que pretende posicionar-se em patamares de preço superiores. Assim, Lordelo do Ouro regista o maior prémio entre as ARUs analisadas, com as casas com eficiência energética mais elevada a serem vendidas por um valor 45% acima do praticado na média das transações contabilizadas no mercado local, ou seja, com os 3.389€/m2 da habitação certificada A+ a B- a comparar com os 2.339€/m2 da média mercado. Esta última, Lapa e Bonfim são as três ARUs com habitação mais barata do Porto em 2019. O Bonfim regista o segundo maior prémio, de 27%, comparando 2.844€/m2 das certificações superiores com os 2.235€/m2 do respetivo mercado. Na ARU da Lapa, o prémio atribuído pelos compradores às casas com classes A+ a B- é de 22%, com o preço neste tipo de produto a atingir os 2.143€/m2, comparando com os 1.750€/m2 da média das transações.

Nas ARUs mais caras da cidade, o prémio é bastante estreito, o que sugere que a maioria das frações vendidas possui já tal classificação e que para os compradores nestas localizações esse deva ser um fator base das habitações, considerando os patamares médios de preço. Assim, no Centro Histórico, a Aru mais cara com um preço de venda de 3.719€/m2, a certificação energética superior foi transacionada em torno do mesmo valor. Na ARU da Foz Velha, que transaciona em 3.493€/m2, o prémio fica em 7%, com as vendas a atingirem 3.750€/m2, e na ARU da Baixa, onde as vendas residenciais se concluíram por 3.053€/m2, o prémio também não foi muito além, ficando em 9%, ou seja, com tais habitações a atingir 3.326€/m2.

Refira-se que em 2019, 44% das habitações transacionadas no território do SIR-Reabilitação Urbana no Porto possuíam certificação energética A+ a B-, atingindo nas ARUs mais valorizadas pesos entre 55% e 65%. Em Lordelo do Ouro, a ARU com o prémio mais elevado da cidade, as habitações destas classes representam 44% das vendas.