Portugal continua a ser “fortemente atrativo para investimento em segunda residência”

15/05/2024
Portugal continua a ser “fortemente atrativo para investimento em segunda residência”
Pedro Fontaínhas, Diretor Executivo da APR

2023 foi um ano positivo para o setor do turismo residencial em Portugal, um destino que “continua a ser fortemente atrativo para o investimento em segunda residência”. Assim garante Pedro Fontaínhas, Diretor Executivo da Associação Portuguesa de Resorts, em entrevista ao Público Imobiliário.

O responsável nota que “o imobiliário residencial adquirido por não residentes é um produto de exportação de qualidade que contribui significativamente para o crescimento da economia. Não compete com a procura de habitação própria permanente dos residentes em Portugal, antes cria muitos empregos (13.000 em 2022) e gera riqueza com capital captado no estrangeiro”.

Mas a concorrência internacional é “feroz”, por isso a associação acredita que “é fundamental que o Governo recrie novos instrumentos que assegurem a competitividade de Portugal na atração de investimento estrangeiro em segunda residência, em particular em zonas do interior e turísticas, como as que são promovidas pela generalidade dos resorts”.

Pedro Fontaínhas identifica que o Algarve continua a ser a região do país “mais forte e dinâmica” no que ao turismo residencial diz respeito, “registando muita procura e muita oferta nova” (também a que mais valoriza). No entanto, “a dinâmica do turismo residencial é transversal a todo o país. Entre o novo pipeline de projetos de turismo residencial, estão em curso investimentos de largas dezenas de milhões de euros na zona do Douro, em Santiago do Cacém, Beja ou Faro”. Garante que “existe uma procura crescente por segundas residências turísticas cada vez mais seguras, sustentáveis e competitivas. Portugal tem trunfos únicos para satisfazer esta procura, em especial no interior, os requisitos de turismo no campo, o turismo sénior, o turismo de saúde e bem-estar, etc”. Alentejo e Centro têm “grandes oportunidades de desenvolvimento, onde ainda existem áreas vastas e atrativas que podem ser exploradas para o desenvolvimento turístico”.

Valorização e vendas devem continuar a crescer em 2024

De acordo com os mais recentes números da Confidencial Imobiliário, a habitação em resort valorizou 9,8% em 2023. A APR espera “que esta valorização continue a crescer em 2024, impulsionada pela alta demanda e pelo desenvolvimento contínuo de ofertas de alta qualidade, que atendem às expetativas dos investidores”.

A par disso, é de esperar um aumento do número de transações em 2024. Fatores como a estabilidade económica, a promoção eficaz de Portugal como destino de turismo residencial e a melhoria contínua da infraestrutura turística serão determinantes”, segundo Pedro Fontaínhas.

Aumenta a procura dos norte-americanos e brasileiro. Fim dos Vistos Gold não reduziu interesse

Tem vindo a aumentar a presença do mercado norte-americano no turismo residencial português, não só de cidadãos dos EUA, mas também do Canadá e do Brasil. Ao mesmo tempo, “os investidores europeus continuam a mostrar um forte interesse pelo nosso mercado. Isso deve-se, sem surpresa, à nossa proximidade geográfica, à estabilidade económica e política, e à alta qualidade de vida que é reconhecida internacionalmente”.

No que toca aos Vistos Gold, e apesar do anúncio do fim deste programa para a aquisição de imóveis, “paradoxalmente observámos um aumento na procura”, conta Pedro Fontaínhas. “Parece que houve uma espécie de corrida aos investimentos antes da conclusão do programa, o que demonstra a contínua atração pelo mercado imobiliário português mesmo em face de incertezas”.

Resort Martinhal Beach Family Resort
Resort Martinhal Beach Family Resort

Branded Residences e Natureza ganham popularidade

Refletindo um pouco sobre as tendências que marcam o turismo residencial Português, Pedro Fontaínhas destaca o conceito de Branded Residences, que registam “um aumento significativo na popularidade”. Estas residências “são ligadas a marcas reconhecidas e oferecem soluções completas para investidores estrangeiros, tornando-se uma opção atrativa devido à conveniência e à qualidade associada às marcas. O conceito está a crescer porque combina luxo com o conforto de serviços de hotelaria, atraindo um nicho de mercado que procura investimentos seguros e rentáveis”.

Em paralelo, resorts que melhor se integram com a natureza e promovem a sustentabilidade são mais procurados. “Estes eco-resorts são projetados com materiais sustentáveis, focam na conservação de recursos e oferecem experiências que enfatizam a conexão com o ambiente natural. Este tipo de empreendimento responde a uma demanda por opções de turismo mais conscientes e respeitadoras do meio ambiente”.

“Também o segmento de bem-estar físico e mental está a ganhar um impulso considerável”, nomeadamente com o turismo sénior e de saúde. “Com a crescente conscientização sobre a importância da saúde mental e física, mais pessoas estão a procurar destinos que ofereçam atividades e tratamentos focados no bem-estar. Em Portugal, vários destinos estão a liderar esta tendência, com uma gama de ofertas que promovem um estilo de vida saudável e relaxante”, completa o responsável.

Impacto do contexto global sente-se na atividade

O mercado segue positivo, mas sentiu o impacto dos eventos e conflitos internacionais dos últimos meses e anos, como a inflação ou a guerra na Ucrânia. Pedro Fontaínhas não tem dúvidas de que “os seus efeitos estendem-se bem além das suas fronteiras. Contribuiu para uma subida significativa dos preços da energia, acarretando uma inflação que não víamos há décadas”, e que “tem naturalmente um impacto direto no aumento dos custos de construção, o que se reflete no preço final das casas. Com o aumento dos custos, temos também uma influência nas taxas de juro, afetando assim a capacidade de financiamento dos compradores. Este cenário torna mais caro o processo de comprar e manter uma segunda residência”. E completa que “todos sabemos que instabilidades geopolíticas tendem a gerar uma sensação de incerteza global, e isso pode influenciar negativamente o comportamento dos investidores, afetando todos os mercados, incluindo o de segundas residências”.