A intervenção de Pedro Siza Vieira, ex-ministro de Estado e da Economia, incitou a várias reflexões no primeiro ciclo de conferências no primeiro dia do evento, pelos temas pertinentes que foram abordados. Ainda que "tenhamos ‘hickups’ no meio, a tendência que estamos a atravessar irá manter-se", por isso "é importante não perdermos o foco", referiu o ex-ministro de Estado e da Economia.
De destacar algumas das novas tendências para os próximos anos que enumerou: a transição energética, algo presente na agenda nos últimos anos, que será acelerada com os problemas vigentes na Europa e fornecedores externos – vai precisar de muito investimento; o facto de termos de lidar com cadeias de abastecimento cada vez mais extensas, que são muito eficientes, mas muito arriscadas; os Governos vão ter um maior impacto na economia, prestando apoios aos negócios, diretamente ao investimento das empresas; a turbulência de toda esta transição, que vai fazer parte da forma como se decide, e, caso estejamos preparados, podemos lidar com isso.
De acordo com as palavras de Pedro Siza Vieira, Portugal é parte deste "investimento necessário" na Europa. Refere que, por exemplo, em termos de transição energética, especialmente no que se refere a energias renováveis, "temos hoje os preços da eletricidade mais baixos da Europa, vamos ter vantagens ao nível da energia nos próximos anos". Salientando que "o mundo está a mudar de uma forma estrutural", o ex-ministro de Estado e da Economia, acredita que atualmente "Portugal tem uma melhor hipótese de mudar e adaptar-se a esta realidade".
É de referir que, com base nos dados de um inquérito realizado ao longo das sessões, de 102 participantes, 55% dos investidores assinalaram que há um risco grande de as geopolíticas se tornarem uma maior preocupação para as suas decisões de investimento, sendo que apenas 2% revelou que não mudam em nada a sua decisão. 68% dos investidores refere também que estes problemas geopolíticos permanecerão a médio prazo (1-3 anos).
Outro dos temas de enfoque no encontro de investimento ibérico, foi o compromisso que os representantes das duas maiores áreas metropolitanas do país, Lisboa e Porto, apresentaram em trabalhar para um todo e não unicamente para as suas regiões: "Somos, acima de tudo, Portugal", referiu Joana Almeida, Vereadora do Município de Lisboa.
Para a cidade de Lisboa, Joana Almeida garantiu que "queremos construir mais habitação e atrair mais empresas. Queremos melhorar a qualidade de vida de todos". Para isso, é necessário que temas como o licenciamento, sejam simples e transparentes. "Queremos reduzir os tempos de espera, e aumentar a transparência dos processos. Sabemos que tempo é dinheiro", salientou a vereadora.
Em representação do Porto, Ricardo Valente realçou o facto de a cidade Invicta ser "uma das 3 ‘mid-sized cities’ para o investimento direto estrangeiro. É uma região economicamente competitiva". Com o lema ‘Better Porto’, o objetivo passa por "aproveitar a paisagem económica que já existe e estimular certos setores e regiões. Identificámos vários setores-chave, sendo o imobiliário e a construção sustentável duas delas".
Tendo como base os dados do inquérito realizado à audiência presente, de 76 participantes, precisamente 50% das pessoas considera que Lisboa e Porto são atrativos no contexto internacional, a passo que 37% declara que as duas cidades são muito atrativas em termos internacionais.
Conforme as declarações de Filipa Roseta, vereadora do Município de Lisboa, numa intervenção final na conferência, há muita propriedade e "não temos capacidade para a desenvolver, por isso precisamos de quem tem, para criar habitação acessível. Vamos colocar os nossos terrenos à disposição, para os interessados". A vereadora referiu ainda que "queremos mostrar que podemos usar o nosso património para criar habitação, com as vossas skills".