Preços da habitação subiram 12,6% em ano recorde de transações

29/03/2023
Preços da habitação subiram 12,6% em ano recorde de transações

Ao longo do ano passado, os preços da habitação em Portugal aumentaram 12,6% face ao ano anterior, um ano em que foram vendidas cerca de 168.000 casas por mais de 30.000 milhões de euros. É o que mostra o Índice de Preços da Habitação. Trata-se da taxa de variação anual “mais elevada na série disponível”, segundo o INE.

Em 2022, foram transacionadas 167.900 habitações, mais 1,3% que em 2021, outro recorde da série disponível, num valor de 31.800 milhões de euros, mais 13,1% face ao ano anterior. Deste valor, 24.100 milhões de euros dizem respeito a vendas de habitações usadas, e 7.700 milhões de euros a habitações novas. De notar que, entre 2018 e 2022, este volume de transações subiu 50,6%, bem acima da subida de 11% do número de transações.

Segundo o INE, na primeira metade do ano registou-se um aumento do número e do valor das transações de 14,1% e 30,7%, respetivamente, mas no segundo semestre a situação inverteu-se, com o número de transações a descer 9,6% e o valor apenas 1%.

Em 2022, 17,8% das transações dizem respeito a fogos novos, mais 1,2% que em 2021. Segundo o INE, “o incremento do peso relativo das transações das habitações novas no total das vendas decorreu do facto desta categoria ter apresentado um crescimento do número de transações (8,5%) enquanto nas habitações existentes observou-se uma redução no número de vendas (-0,1%)”.

Por outro lado, o aumento médio anual dos preços das casas usadas (13,9%) foi superior ao das casas novas (8,7%). As casas usadas registaram uma redução de 0,1% no número de vendas, mas uma subida de 11,6% no valor das transações. Já as casas novas, registaram uma subida de 8,5% no número de transações, e de 18,2% no valor.

No último trimestre do ano, a taxa de variação do índice foi de 11,3%, menos 1,8% que a registada no trimestre anterior. Também neste caso os preços das casas usadas subiram mais (12,7%) que os das casas novas (7,1%). Neste período, foram vendidas 38.526 habitações, menos 16% que em igual trimestre de 2021, e menos 8,8% que no trimestre anterior. O volume de negócios ascendeu aos 7.400 milhões de euros, menos 10,5% que em igual período de 2021.

Compras de habitação por estrangeiros aumentam 20,2%

Em 2022, 157.178 habitações (94% do total) foram compradas por residentes, mais 0,3% que em 2021. Mas o número de não residentes a comprar imobiliário em Portugal subiu 20,2% face a 2021, num total de 10.722 transações, mais 1% no peso relativo das aquisições por compradores fora do território nacional, que soma agora os 6,4%.

As transações de investidores estrangeiros oriundos de países da União Europeia foi a que mais cresceu face a 2021, num aumento de 27,5%, perfazendo 5.812 casas compradas. Outras nacionalidades adquiriram 4.910 unidades, mais 12,5% face ao ano anterior.

36,9% dos negócios feitos por investidores estrangeiros dizem respeito à compra de habitação no Algarve, a quota mais baixa dos últimos anos. 20,1% dizem respeito a Lisboa e 19,4% à região Centro. O Algarve é ainda mais representativo em termos de valor, somando 44,9% do valor total, seguido pela Área Metropolitana de Lisboa, com 31,6%.

Aumenta a procura nos Açores e na Madeira

Em 2022, as regiões da Madeira e dos Açores destacarem-se por registar os maiores aumentos do número e valor das transações de habitação, de 16% e 8,2%, respetivamente, em número, e de 37,6% e 26,4% em valor, pela mesma ordem. Foi também aqui que o contributo dos negócios estrangeiros foi maior, em valor e número de vendas, onde representam 8,8% e 7% em valor e 7,8% e 14,8% em número de transações, respetivamente.

Centro, Algarve e Alentejo registaram também subidas do número e valor das transações superiores à média nacional. Nestas regiões, as vendas subiram entre os 3,5% e os 4,8%, e o volume de transações entre os 15,1% e os 18,9%. Os volumes de negócios atingiram os 4.200, 4.300 e 1.400 milhões de euros, respetivamente.

No ano passado, as regiões Norte e Área Metropolitana de Lisboa continuaram a perder peso relativo no número global de transações, somando 47.303 e 50.218 transações, respetivamente, o valor menos significativo desde 2009. Foram estas as duas únicas regiões a evidenciar, pelo segundo ano consecutivo, reduções nas respetivas quotas regionais, de 0,6% e 0,9%. Com 41,7% do valor global das transações, Lisboa perde quota há quatro anos consecutivos.

Por oposição, o Centro, com 35.516 transações, e a Madeira, com 4.142, foram as regiões que mais cresceram em termos das suas quotas regionais, mais 0,7% e 0,3%, respetivamente.