Esta é a previsão de Cristina Arouca, head of research na CBRE Portugal, que no seu relatório mais recente “The Impact of Covid-19 on Real Estate in Portugal” avança ainda que o investimento comercial total no final do ano deverá situa-se em torno dos dois biliões de euros.
Este é um valor inferior ao inicialmente esperado de 3 biliões de euros – o registado nos últimos dois anos. Mas Cristina Arouca sublinha que "a rotatividade de investimentos foi muito alta nos primeiros dois meses de 2020, atingindo aproximadamente 800 milhões de euros no final do primeiro trimestre", levando assim a CBRE a esperar pelo menos um valor "muito superior ao 1,3 biliões de euros registados em 2007, o melhor ano antes da crise financeira global".
Apesar de nenhuma transação relevante ter sido registada em março e de se assistir a "uma suspensão quase completa de novos processos de vendas no mercado", há vários atores com capital disponível a mostrar interesse em investir na aquisição de ativos mesmo nesta fase. Ainda assim, dadas as circunstâncias, a conclusão de alguns negócios pode estender-se até 2021.
Por outro lado, "a maioria dos investidores continua interessada nas negociações que já estavam em curso", pelo que a CBRE tem agido de forma a acelerar os processos e fechar as operações, na expectativa de o país voltar à sua atividade normal no curto-médio prazo.
Ainda assim, Cristina Arouca não esconde que as restrições nas viagens têm um "impacto significativo nos processos de transação e na conclusão dos negócios", já que a maioria dos investidores que hoje está a apostar em Portugal são estrangeiros (88% em 2019). Este cenário obriga a adiar visitas às propriedades e a prolongar os processos de due diligence.
Sobre o futuro do mercado imobiliário português, a head of research na CBRE Portugal não tem dúvidas: "Quanto mais tempo a incerteza permanecer no mercado, mais significativo será o seu impacto".