Setor imobiliário enfrenta grandes desafios no contexto geopolítico atual

27/04/2022
Setor imobiliário enfrenta grandes desafios no contexto geopolítico atual

O SIL este ano realiza-se em maio. Porque optaram por esta altura, sendo que, habitualmente, era em outubro?

Habitualmente o certame era em outubro. No entanto, no primeiro semestre do ano, há uma maior apetência para aquisição de ativos imobiliários. Assim, esta nova data alarga as potencialidades do salão nalguns segmentos específicos do setor, designadamente no setor residencial turístico. Este segmento, retirará maior retorno da participação no SIL, apresentando os seus ativos quer para venda quer em regime de aluguer temporário (verão). Por outro lado, mantém-se a simultaneidade com a Tektónica, salão líder da Construção em Portugal. Sendo os dois Eventos complementares, existe um incremento de sinergias que irão beneficiar expositores e visitantes. O bilhete de acesso ao SIL é válido para a Tektónica e vice versa.

Que novidades podemos esperar este ano?

No SIL 2022, temos como novidade o SIL Cidades que pretende dar maior visibilidade às mesmas através da participação dos municípios, quer na exposição, quer nas conferências, na medida em que estas assumem um papel cada vez mais importante no mundo, pois é nas cidades que se encontram mais oportunidades. A maioria da população continuará a ser atraída para os meios urbanos. Segundo as Nações Unidas, prevê-se que 68% da população mundial estará a viver em cidades até 2050. Surgem conceitos muito interessantes como as “cidades de 15 minutos” em que viver longe das cidades e ter de fazer longos trajetos, passa a ser uma escolha e não uma necessidade diária – locais a 15 minutos de distância a pé ou de bicicleta, onde as pessoas podem usufruir da experiência urbana: trabalho, habitação, saúde, alimentação, educação, cultura, lazer e contacto com a natureza.

Os municípios darão a conhecer os seus ativos imobiliários e todas as suas potencialidades aos investidores e aos cidadãos em geral. Participarão cidades com características diferentes, dimensões diferentes, em geografias diferentes, mas que em comum tem a procura de abordagens e serviços inclusivos e sustentáveis para as suas cidades, que garantam a participação dos cidadãos, o acesso à habitação, aos equipamentos e proporcionem qualidade de vida num ambiente rentável e sustentável.
Este ano, contamos pela primeira vez com a presença do Porto, de Vila Nova de Gaia e Santarém, a par da assídua presença de Lisboa como coorganizador do evento.

O SIL Cidades será um espaço de excelência na exposição e abrirá as Conferências do SIL, no âmbito do SIL Investment Pro. Em debate, no dia 12 de maio, estarão temas como “O passado, o presente e o futuro das cidades” e o “Business plan para uma sociedade mais sustentável”. No dia 13 de maio, em parceria com a APPII, serão debatidos os temas “ Como está o Imobiliário a lidar com as novas Diretivas Europeias no desempenho energético?” e “O Impacto geopolítico no imobiliário e o aumento dos custos na construção”.

De referir ainda os Prémios SIL do Imobiliário, que nesta edição ultrapassou a meia centena de candidatos nas diversas categorias a concurso, demonstrando assim a dinâmica do setor e a importância que os prémios têm para os mesmos.

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA É CONVIDADA

Quais as grandes diferenças relativamente ao ano passado?

Para além da mudança de data e a oportunidade que se cria para a 2ª Habitação/ Turismo Residencial e o foco nas cidades, já mencionados anteriormente, de referir a participação da Região Autónoma da Madeira, na qualidade de região convidada do SIL 2022. Trata-se de uma zona muito rica no setor imobiliário e turístico, que dará a conhecer ao público e profissionais os seus ativos imobiliários, as inúmeras oportunidades para investimento e as potencialidades de uma região em pleno desenvolvimento pensada para os cidadãos, denotando políticas com preocupações de sustentabilidade. Além disso, a presença da Madeira nos eventos é sempre uma presença notada pela sua cor, dinâmica de stand e postura junto dos visitantes, enriquecendo ainda mais o SIL.

O ano passado regressaram à forma presencial. Ficaram satisfeitos com o nível de participação?

Recordamos que o SIL e a Tektónica foram dos poucos eventos na Europa que se realizaram em 2020 de forma hibrida e que no ano passado ocuparam dois pavilhões, num total de mais de 200 expositores, que mais uma vez voltaram a juntar-se: Tektónica – Feira Internacional da Construção e SIL – Salão Imobiliário de Portugal, eventos complementares, de construção e imobiliário respetivamente, que puderam ser visitados em simultâneo, existindo assim, um incremento das sinergias inerentes aos setores em exposição.

Os números superaram as expectativas. Para além de um aumento muito significativo do número de expositores face a 2020, demonstrativo da vontade e determinação de ambos os setores no regresso aos eventos presenciais e que se evidenciou pela ocupação de dois pavilhões – mais de 20 mil m2 – também o número de visitantes demonstrou a vontade que o público tinha, profissional e público em geral, de voltar às feiras: mais de 12 mil visitantes passaram por ambas as feiras, entre os dias 6 e 10 de outubro de 2021.

Quais os grandes desafios que identifica no setor?

O setor imobiliário enfrenta grandes desafios no contexto geopolítico atual. Se, por um lado, enfrentamos a ameaça ambiental em que o papel das cidades e do imobiliário é determinante. Por outro lado, enfrentamos uma série de dificuldades que advém da guerra, como o aumento do preço dos materiais de construção e até a sua escassez. São apontadas várias tendências para um futuro urbano resiliente e sustentável, das quais eu destacaria a necessidade de Edifícios e infraestrutura inteligentes e sustentáveis. Temos em cima da mesa o desafio da sustentabilidade versus rentabilidade, o desafio da habitação acessível versus sustentável, o desafio da instabilidade em virtude dos acontecimentos internacionais com impacto em todo o mundo e muitos outros. Assim, vão surgindo os desafios e as respostas como o Financiamento Sustentável, alinhado com os Princípios de Obrigações Verdes (Green Bond Principles) e com as Diretrizes de Obrigações de Sustentabilidade (Sustainability Bond Guidelines) publicadas em junho de 2021 pela Associação Internacional do Mercados de Capitais.

OBJETIVOS FORAM ULTRAPASSADOS

Qual o feedback que as empresas participantes lhe transmitiram o ano passado, com um regresso tão esperado?

Os resultados do inquérito de satisfação que foi efetuado junto dos expositores da edição anterior, deram-nos uma grande satisfação, na medida em que 91,7,% afirmaram atingiram ou ultrapassaram os seus objetivos, e 8,3 % apesar de não terem alcançado os objetivos consideraram ter valido a pena participar. De salientar ainda que 83,3 % considerou que a sua participação no SIL gerou retorno ou perspetivava que gerasse retorno nos próximos seis meses. As intenções de participação na próxima edição, em maio de 2022, foram superiores a 95%.

Como prevê que o setor do imobiliário se comporte nos restantes meses de 2022?

Vamos acompanhando edição a edição a evolução no mercado e perante a instabilidade atual do mundo, ainda a recuperar da pandemia e com um cenário de guerra sem um fim muito próximo à vista, não é fácil fazer previsões. No entanto, o SIL, assume-se como uma plataforma importante e a resiliência do setor também nos motiva e inspira no caminho que nunca deixámos de percorrer. Estamos otimistas com esta capacidade do setor imobiliário, que se refletirá por certo no SIL, e podemos desde já destacar o incremento de expositores face à edição anterior (não nos esquecendo que o SIL se realizou há menos de seis meses), e o reflexo na mais representativa presença de municípios na feira.