Desde meados do ano passado que as rendas fixadas nos novos contratos de habitação têm vindo a subir significativamente de trimestre para trimestre. Mas este ciclo travou no terceiro trimestre deste ano, com as rendas a registar uma descida de -0,5% em Lisboa.
Esta variação residual trava um período em que as subidas trimestrais se situaram, consecutivamente, entre os 5% e os 9,7%, segundo os números são do índice de Rendas Residenciais da Confidencial Imobiliário.
Este último ciclo de aumentos culminou numa subida homóloga inédita de 29,6% no segundo trimestre deste ano. Agora, com a inversão desta tendência das variações em cadeia, a taxa de variação homóloga desceu 12 pontos percentuais, atingindo os 17,6% no terceiro trimestre.
“Este período de mais de um ano com sucessivos aumentos de grande magnitude coincidiu com as alterações no mercado de arrendamento, nomeadamente o travão à atualização de rendas a vigorar em 2023 e as medidas do pacote Mais Habitação”, nota Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário. “Este contexto de restrições e incerteza, associado a uma conjuntura de pressão inflacionista, levou os senhorios a defenderem-se de perdas futuras por via dos aumentos nos novos contratos, cumulando num incremento de quase 30% nas rendas entre o 2º trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023. Neste quadro, a variação em cadeia de apenas -0,5% sugere que os proprietários não pretendem continuar a testar a elasticidade do mercado, considerando que as rendas atingiram o seu ponto máximo”, nota o especialista.
Ressalva, no entanto, que “estes dados ainda não refletem o impacto do recente anúncio de que 2024 terá uma atualização das rendas à taxa de inflação, mas desta medida, deverá, possivelmente, esperar-se um efeito positivo, nomeadamente que as rendas não continuem a subir. Isto porque, o anterior travão à atualização das rendas teve o duplo efeito perverso de contrair a oferta e levar a um vertiginoso aumento dos valores dos novos contratos, como forma de os proprietários anteciparem para o imediato a atualização futura das rendas, que se anteviam congeladas”.
Novas rendas sobem 3,2% no Porto
Neste trimestre, o Porto registou um comportamento semelhante das rendas de habitação, ainda que a variação trimestral se tenha mantido em terreno positivo, com um aumento de 3,2% - um abrandamento face à subida anterior de 4,8%.
Segundo a Ci, o Porto já vinha dando sinais de moderação das subidas no arranque deste ano, nomeadamente com um crescimento trimestral de 2,3% no primeiro trimestre, a contrastar com as subidas de 8% e 10% dos dois trimestres precedentes.
Ainda assim, as rendas dos novos contratos no Porto acumularam uma subida recorde de 28,5% no segundo trimestre deste ano, passando para os 20% no trimestre seguinte.
Porto e Lisboa atingem novos patamares de preço
O SIR-Arrendamento dá conta de uma renda média contratada em Lisboa no terceiro trimestre deste ano em novos valores recorde - 19,4 euros por metro quadrado no caso dos fogos usados em Lisboa, ou seja, 1.495 euros, em média, para um apartamento de tipologia T2, e de 1.164 euros para um T1.
No Porto, também os 14,4 euros por metro quadrado nos fogos usados representam um recorde neste mercado. Isto representa uma renda média de 1.136 euros no caso de um T2, e de 849 euros num T1.