Vendas de habitação recuperam, com preços a subir 11,8%

24/01/2024
Vendas de habitação recuperam, com preços a subir 11,8%
Wirestock, Freepik

A subida das taxas de juro impactou o mercado imobiliário em 2023, reduzindo o número de transações de habitação no início do ano. Mas o número de vendas estabilizou nos últimos trimestres. Segundo as projeções da Confidencial Imobiliário, foram vendidos no último trimestre do ano cerca de 33.200 fogos em Portugal Continental, o 4º trimestre consecutivo em que as vendas de habitação se situam em torno das 33.000 unidades.

Estas projeções são feitas a partir das transações reportadas à base de dados do SIR-Sistema de Informação Residencial, e sugerem que o mercado imobiliário está a recuperar do impacto inicial da subida das taxas de juro. Mesmo que com oscilações residuais de +1%, o 3º e 4º trimestres de 2023 deram sinais de evolução positiva. Esta recuperação é especialmente evidente no desagravamento da variação homóloga do número de operações. Em resultado do efeito da estabilização das transações ao longo do ano, este indicador passou de -20% no 1º trimestre para -9% no 4º trimestre.

O 1º trimestre de 2023 ainda deu continuidade ao ciclo de fortes quebras trimestrais iniciado em meados de 2022, quando as taxas de juro retomaram a trajetória de subida após anos em terreno negativo. Nesse período, as transações recuaram 9% para cerca de 33.000 fogos vendidos, um mínimo de dois anos. Uma vez feito esse ajuste, o decurso de 2023 acabou por confirmar uma estabilização dos níveis de procura, com o 2º trimestre a sustentar os padrões de transação do período anterior e a segunda metade do ano a evidenciar até um comportamento positivo.

Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, comenta que “o choque do aumento das taxas de juro terá sido mais visível até aos primeiros meses de 2023, retirando do mercado a fatia da procura mais dependente do recurso ao crédito para a aquisição de casa. Com o aumento das taxas, degradou-se o acesso à habitação por essa franja de potenciais compradores, assim reduzindo-se o número de operações de venda. No restante período de 2023, o mercado acabou por normalizar face às novas condições de acesso”.

De acordo com este especialista, “o comportamento mais favorável dos juros nos últimos meses do ano – com os primeiros sinais de tréguas em novembro e o que parece ser uma consolidação do abrandamento das subidas já este ano – deverá ter um efeito mais visível sobre a dinâmica de vendas apenas em 2024, pese embora poder ter já tido algum impacto positivo a nível da confiança do mercado”.

No total do ano de 2023 estima-se a concretização de cerca de 131.700 vendas residenciais em Portugal Continental, das quais 88% dizem respeito a habitação usada e os restantes 12% a habitação nova. Sem prejuízo da trajetória de estabilização do mercado no decurso do ano, o volume anual agregado de 2023 fica 17% abaixo do registado em 2022.

Subida dos preços abranda face ao ano anterior

O Índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliário apura uma variação homóloga dos preços das casas no final do ano de 11,8%, um abrandamento face à subida de 18,7% registada em 2022.

Esta desaceleração da subida dos preços também é notória na taxa de variação trimestral, que passou de 3,7% no 3º trimestre para 1,6% no 4º trimestre, a mais baixa do ano.

Ricardo Guimarães nota que “há uma suavização na subida de preços que já era esperada. O mercado vem de um ciclo de fortes valorizações mesmo nas geografias mais baratas, pelo que, naturalmente, há menor margem para crescimentos acentuados”.

No que diz respeito ao impacto da evolução do número de vendas nos preços, “o facto de a queda nas transações se ter circunscrito ao período inicial de 2023 e de a tendência predominante no restante do ano ser de estabilização, deu suporte aos preços, sobre os quais acabou por não haver grande pressão. Para 2024, dado o comportamento de recuperação das vendas que estamos a observar é natural esperar que os preços mantenham um comportamento positivo”.

Segundo o SIR-Sistema de Informação Residencial, as casas foram transacionadas em Portugal Continental por um preço médio de 2.257 euros/m² em 2023, variando entre os 3.465 euros/m² registados no segmento de habitação nova e os 2.114 euros/m² na habitação usada. Estes valores traduzem um preço médio por fogo de 237.450 euros para o total do mercado, de 401.476 euros para os fogos novos e de 218.243 euros para os fogos usados.