Volume de investimento imobiliário desce no 1º trimestre

24/05/2023
Volume de investimento imobiliário desce no 1º trimestre

No primeiro trimestre deste ano, foram investidos em imobiliário comercial 234 milhões de euros, uma descida de -10% face a igual período do ano passado, e de -54% na comparação com 2019, antes da pandemia.

O mais recente relatório da consultora imobiliária Savills dá nota de que este volume de investimento corresponde a 14 operações fechadas. O retalho tem a maior fatia do investimento graças à venda do portfólio Amália, constituído por 49 supermercados, vendido pelo TREI Real Estate à LCN Capital Partners por 150 milhões de euros. Os americanos da LCN Capital Partners foram, aliás, responsáveis por 68% do volume investido neste período, seguidos pelos investidores alemães, com 13%, e dos portugueses, com igual quota.

Paulo Silva, Head of Country, Savills Portugal, aponta que “a evolução do contexto económico que impactou no aumento dos custos de financiamento, que ainda não se mostram estáveis, tem sido uma das razões explicativas para o alongamento nos processos de tomada de decisão”. Por outro lado, “as previsões económicas e financeiras que revelam um carácter de maior otimismo para a reta final de 2023 estão na base deste prolongamento, enquanto o desencontro de expetativas de preços entre vendedores e compradores se mantém, sobretudo na transação dos ativos com um perfil mais core, que têm sido os mais penalizados”.

Escritórios abrandam, e logística dispara

O mercado de escritórios de Lisboa contabilizou um volume de absorção total de aproximadamente 20.000 metros quadrados, no primeiro trimestre de 2022, o que representa uma descida de 69% face ao período homólogo. Uma performance que fica também 55% abaixo da média dos primeiros trimestres dos últimos 5 anos.

“Os resultados do 1º trimestre de 2023 são naturais e expectáveis, devendo ser analisados com o devido enquadramento. 2022 foi o ano dos pré-arrendamentos e owner occupiers que inflacionaram, ao longo de todos os trimestres, o volume de absorção colocando maior pressão nos números de 2023”, explica Frederico Leitão de Sousa, Head of Corporate Solutions, Savills Portugal. Por outro lado, para este ano está prevista a conclusão de aproximadamente 73.500 m², já totalmente destinados a ocupação própria e pré-arrendamento, números bem demonstrativos da dinâmica do mercado português. Frederico Leitão de Sousa nota que “o pipeline que temos para os próximos 2 meses demonstra uma clara recuperação, quando comparado com o primeiro trimestre”.

Já no que toca à logística, a nota é de uma subida expressiva da ocupação a nível nacional de 159% no trimestre, acima dos 200.000 metros quadrados. A região da Grande Lisboa teve um peso de 52% no volume total absorvido, seguida da região Centro com 25%.

A Savills considera que “o primeiro trimestre do ano dá-nos indicadores positivos para o restante ano. As rendas continuam em linha com o final do ano passado, porém, o upperhand está do lado dos proprietários, motivado pela atual escassez de espaço disponível e de qualidade. O período de decisão está mais longo, mas a intenção de ocupação mantém-se, havendo a expectativa de várias ocupações nos projetos que estão em desenvolvimento nos próximos meses. O sentimento de mercado geral é de um otimismo cauteloso”, refere Pedro Figueiras, I&L Director da consultora.

Turismo sustenta dinâmica do retalho

Neste período, o segmento do retalho manteve-se resiliente, muito graças à dinâmica da restauração e da distribuição alimentar, que lideram a procura. E o turismo continua a ter um papel importante enquanto impulsionador destes negócios.

José Galvão, Retail Director da Savills Portugal, afirma que “os primeiros meses de 2023 vieram demonstrar uma tendência que se vem a consolidar nos últimos anos: o setor de retalho em Portugal é fortemente suportado pelo setor do turismo”. O especialista explica que “os negócios de F&B são responsáveis pela maior parte das aberturas de novas lojas onde os clientes são essencialmente turistas. Consolida-se também a necessidade de retalho alimentar de proximidade e novos conceitos internacionais low-cost, com uma oferta alargada nos setores de moda e casa, estão bastante ativos. Há ainda marcas internacionais de relevo a olhar com interesse para entrarem no mercado nacional”.

Turismo vai recuperar totalmente em 2023

2023 promete ser um ano muito positivo para o turismo nacional, e o setor está prestes a superar os registos pré-pandemia: até fevereiro de 2023 o país contabilizou 7,5 milhões de dormidas, sendo que o mesmo período de 2019 registou um total de 6,4 milhões de dormidas, um dado que se traduz numa diferença superior a 15%. Este é um resultado bastante otimista considerando os eventos e desafios de 2022, aponta a Savills.

Alberto Henriques, Business Development Director, Savills Portugal, salienta que “2023 deverá ser um ano de sucesso. A previsão é de recuperação total, o que significa que os números relacionados ao turismo deverão bater novos recordes e superar níveis pré-pandémicos”.

Prova disso é que deverão abrir até ao final deste ano 70 novos hotéis, que vão equivaler a uma nova oferta de mais de seis mil quartos em todo o país, que se somam aos 29 hotéis que abriram nos primeiros três meses do ano.