A capacidade construtiva existente em Portugal não está parada, aliás, está em plena atividade. Contudo, o país confronta-se com a necessidade urgente de incrementar esta capacidade para responder a uma série de projetos fundamentais: exemplos disso mesmo são um novo aeroporto, uma travessia sobre o Tejo, uma linha de alta velocidade e dezenas de milhares de novas habitações, a adicionar àquilo que tem sido realizado cada ano.
Para que seja possível aumentar a oferta e implementar estas soluções, é imperativo adotar medidas que aumentem a capacidade construtiva. Sem esta consciência, os recursos existentes, embora muito bons do ponto de vista operacional, seguramente atuam no máximo da sua capacidade. A verdadeira mudança apenas ocorrerá quando os sistemas construtivos forem modernizados, a eficácia logística for melhorada e a mão de obra for aumentada de forma significativa, a estrutura fiscal for menos penalizadora e os processos administrativos nacionais e europeus forem mais ágeis.
Existem ainda outros desafios que não podem ser ignorados, como é o caso da escassez de mão de obra. Aumentar a força de trabalho significa, quase invariavelmente, recorrer à imigração. Portanto, é essencial que Portugal esteja preparado para acolher dignamente os imigrantes que venham trabalhar para cá. Além disso, devemos considerar que não somos o único país da Europa a implementar um Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Aqui ao lado, em Espanha, está em execução um PRR quatro vezes superior ao nosso. Estamos a competir por recursos de mão de obra com outros países europeus que, muitas vezes, oferecem salários mais atrativos. Os trabalhadores migrantes sabem exatamente quanto vão ganhar e escolhem, naturalmente, os destinos que oferecem melhores condições.
É necessário aliar este ponto à necessidade de medidas claras e explícitas para aumentar a capacidade construtiva de Portugal. Isto significa investimento em tecnologia, logística, e, fundamentalmente, em pessoas. Sem isto, os desafios atuais permanecerão inalterados e a capacidade de resposta às necessidades crescentes ficará comprometida.
Construir um Portugal mais transversal exige mais do que simplesmente manter a capacidade atual. Requer um esforço concertado para modernizar, aumentar e reter a força de trabalho, bem como assegurar que os projetos de grande escala sejam realizados de forma eficaz, sustentável e nacional. Esta é a forma de garantir que o nosso país está preparado para o futuro, oferecendo melhores infraestruturas e condições de vida para todos os portugueses.