Enquanto os aspetos ambientais (E) e de governança (G) têm recebido considerável atenção, o pilar social (S) do ESG tem ficado em segundo plano, em grande parte pela complexidade da sua quantificação. No entanto, assistimos ao despertar do S, com investidores alocando uma maior fatia dos seus investimentos em setores com impacto social como habitação acessível, saúde e educação.
As sociedades gestoras desempenham um papel crucial na promoção da sustentabilidade social. Em primeiro lugar, têm a responsabilidade de considerar os impactos sociais dos seus investimentos. Isso significa não apenas avaliar o desempenho financeiro, mas também o impacto que esse investimento tem na sociedade. Ao direcionar capital para investimentos socialmente responsáveis, as sociedades gestoras podem incentivar práticas mais éticas e sustentáveis. Em segundo, as sociedades gestoras têm o poder de influenciar o comportamento dos agentes de mercado com quem se relacionam. Isso envolve o diálogo direto com os parceiros, incentivando melhorias nas suas políticas e práticas sociais. Por exemplo, podem assegurar que apenas estabelecem relações comerciais com entidades que incorporem políticas como salários justos, condições de trabalho seguras e programas de diversidade e inclusão mais robustos.
Contudo, para que o compromisso com a sustentabilidade social seja eficaz, as sociedades gestoras devem adotar uma abordagem holística, integrando considerações sociais em todas as etapas do ciclo de investimento e adotando uma monitorização contínua. Por outro lado, é crucial que sejam transparentes sobre as suas políticas ESG e reportem regularmente o impacto social dos seus investimentos.
À medida que a consciencialização sobre a importância da sustentabilidade social cresce, alavancada por regulamentação e legislação, as sociedades gestoras terão obrigatoriamente um papel mais significativo na promoção do bem-estar das comunidades e na construção de um mundo mais justo e equitativo. Ao priorizar o pilar S do ESG nas suas estratégias de investimento e nas suas relações comerciais, estas instituições podem não só gerar retornos financeiros sólidos, mas também criar valor a longo prazo para a sociedade como um todo.
Portugal tem aqui uma oportunidade para captar capital privado em grande escala, que está disponível para investir em habitação acessível, seja no modelo construção para venda, seja para arredamento, assim haja vontade de todos os agentes de mercado para que se criem as condições necessárias para a implementação do S.
É neste ponto que as sociedades gestoras podem criar um impacto positivo, influenciando e alinhando a vontade dos investidores, guiando-os na sua jornada para a sustentabilidade, enquanto potenciam o retorno e minimizam os riscos associados.