António Carlos Rodrigues
António Carlos Rodrigues
CEO do Grupo Casais

O drama de quem “casa quer casa” e dos outros

30/10/2023

Infelizmente - para todos nós - isso não acontece. Há 86 mil famílias identificadas que estão em situação de carência habitacional, de acordo com os dados revelados recentemente pelo Governo. É um flagelo que todos temos de combater e o mais rápido possível.

Há muitos motivos que ajudam a explicar a calamidade em termos de habitação em que nos encontramos. E não temos de recuar muito no tempo. Durante o período de 2008 – 2014, atravessámos primeiro uma crise financeira nos EUA e depois na Zona Euro - a crise das dívidas soberanas - o setor da construção foi muito afetado, tendo como reflexo a perda da sua capacidade instalada com o fecho de empresas de construção.

Com o fim desse período negro, que nos obrigou a pedir um resgate financeiro, a economia portuguesa foi recuperando, mas o setor continuou a sofrer uma enorme degradação a vários níveis: paragem na melhoria dos normativos técnicos e leis relacionados com a fileira; os licenciamentos são processos que consomem muito tempo; deterioração da atratividade dos profissionais para este setor – os últimos dados apontam para a falta de cerca de 80 mil pessoas, sendo que, a nossa incapacidade de renovação geracional pode fazer com que este número aumente ainda mais nos próximos anos.

Por isso, não podemos esquecer que a falta de investimento no setor da construção ajuda, e muito, a explicar a falta de oferta habitacional: o setor não foi apoiado como devia. E claro, menos capacidade instalada traduziu-se em menos construção, pelo que, a oferta de habitação caiu. A somar a isto, temos mudanças sociais que resultam de novas dinâmicas – famílias monoparentais, relocalização por fins profissionais, mas também a subida dos custos de vida e dos empréstimos e das rendas – o que nos deixa nesta encruzilhada.

Não há uma solução imediata para o problema. Mas, nós, no Grupo Casais, estamos empenhados em trazer para este setor uma solução inovadora que, por um lado, é muito mais amiga do ambiente - capaz de reduzir a pegada de carbono em mais de 60%, pelo uso de madeira de engenharia e apenas 1/3 do betão de um edifício tradicional - e, por outro, torna o processo de construção mais rápido.

Esta é uma solução verdadeiramente inovadora, muito diferente de outros sistemas como as casas pré-fabricadas ou modulares. Aplicamos este modelo a habitação (e outras infraestruturas, como hotéis), porque sabemos do seu potencial. Trata-se de um sistema construtivo extremamente robusto, provam os testes realizados no Japão e Califórnia, locais com índices de sismo mais elevados do que em Portugal.

Para além de apresentar uma elevada qualidade e durabilidade, este sistema tem a capacidade de reduzir os resíduos até 70% e proporciona um aumento na circularidade dos resíduos em fim de vida entre 40 a 50%. Como o processo é mais rápido, existe uma redução em termos de poluição sonora e também menor risco de acidentes. A eficiência energética nos custos operacionais, a par com um aumento da produtividade, quando comparado com processos tradicionais, são também pontos a favor desta solução.

As características deste processo e os testes realizados provam que estamos perante uma solução muito eficiente, que comporta capacidade para apresentar evolução positiva na vertente social, ambiental e financeira. Por isso, acreditamos que é uma aposta totalmente alinhada com a perspetiva de melhoria que ambicionamos para o setor.

Empreendimento da Casais em Guimarães
Empreendimento da Casais em Guimarães

Sobre o Grupo Casais

A Casais foi criada a 23 de maio de 1958 e é hoje, uma das maiores empresas do setor da construção em Portugal, mantendo o cariz familiar. Em 1994, iniciou o processo de internacionalização, na Alemanha. Atualmente, o Grupo opera em 17 países: Portugal, Angola, Alemanha, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil, Espanha, EUA (Texas), EAU (Dubai e Abu Dhabi), França, Gana, Gibraltar, Holanda, Marrocos, Moçambique, Reino Unido, Qatar, mas da história da sua internacionalização constam outros países como a Rússia, o Cazaquistão, a Argélia, a China e Cabo Verde.

Em 2022 ganhou pela 5ª vez o Prémio Construir de Melhor Construtora em Portugal, mas também o 3º lugar como Best Place to Work. Fechou o ano de 2022 com um volume de negócios agregado de mais de 682M€, sendo os mercados internacionais responsáveis por 440M€.