Numa altura crucial em que Portugal se prepara para ter um novo governo, é fundamental que o mesmo tenha a capacidade de implementar medidas eficazes para resolver a crise habitacional que assola a população portuguesa.
É difícil de compreender que só no final de um ciclo de dez anos tenhamos ficado admirados com o facto de terem sido construídas menos 700 mil habitações, quando comparamos com a década anterior que incorporou a crise financeira de 2009. Esta situação deveria ter sido antecipada e evitada, com uma monitorização contínua dos dados relativos à construção.
Por outro lado, ao longo da última década, não por via do crescimento demográfico nacional, mas sim com o necessário aumento significativo da imigração, tivemos simultaneamente mais 500 mil pessoas a necessitar de uma habitação digna.
Paralelamente, assistimos também, nesse período, a uma crescente escassez de mão de obra qualificada na construção, estimada atualmente em menos 80 mil trabalhadores. Finalmente, não deveria ter sido ignorado o aumento da inflação e dos custos dos materiais de construção, especialmente nos últimos três anos.
O problema da habitação, que nos foi formalmente apresentado há doze meses e, entretanto, tão debatido, era previsível e deveria der tido forte e regular intervenção durante a última década.
É crucial que exista um compromisso firme e alargado com o planeamento estratégico para a habitação a médio e longo prazo.
Portanto, será muito importante que o próximo governo demonstre visão estratégica, determinação e o maior compromisso possível alargado às diversas estruturas partidárias para lidar com a escassez habitacional.
Com programas eficazes e sustentáveis e que simultaneamente, consigam assegurar um planeamento a longo prazo, para a habitação.
Os desafios são enormes, mas com a abordagem certa e o compromisso adequado, podemos construir um futuro onde todos os portugueses tenham acesso a habitação digna e de qualidade.