Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

Por onde passa o futuro da mediação imobiliária?

05/02/2025

Acontece principalmente por dois motivos. Desde logo porque numa sociedade onde todos temos cada vez mais informação, também a generalidade das pessoas está cada vez mais e melhor informada acerca dos riscos que dois particulares correm sempre que se envolvem diretamente numa transação imobiliária.

As disfuncionalidades possíveis de encontrar entre uma promessa de venda e o dia da escritura jamais caberiam em meia dúzia de páginas e, cada vez mais, esse facto é entendido e precisa de ser acautelado.

O outro motivo prende-se com o facto de a generalidade do setor ser caracterizado por mais preparação, mais responsabilidade e muito mais profissionalismo.

O nível de exigência para se ser bem-sucedido nesta atividade é enorme – não pela existência de requisitos legais que são fundamentais, mas desde logo porque numa sociedade cada vez mais informada e, portanto, mais exigente, exercer a atividade imobiliária implica um conjunto de conhecimento e competências, sem as quais ninguém passa de “mero inscrito” em qualquer imobiliária. 

Os Agentes imobiliários têm de ser conhecedores exímios do mercado onde atuam, contar com fontes exclusivas de informação, um suporte administrativo eficiente, uma estratégia de marketing eficaz e um sólido apoio jurídico. Além disso, têm de ter uma capacidade comunicacional invulgar de modo a poderem sistematizar a sua comunicação.

Têm igualmente de ter recursos competitivos na área da fotografia, do vídeo, da certificação energética, das soluções financeiras, da intervenção urbana, do “homestaging”, etc.

E cada vez mais, os clientes reconhecem tudo isto, porque vivem ótimas experiências que rapidamente partilham com as pessoas à sua volta, duplicando (ou triplicando) o seu impacto.

Simultaneamente, a mediação imobiliária está inteiramente focada em prestar o melhor serviço aos seus clientes, num setor marcado por uma grande diversidade, onde coexistem empresas de diferentes dimensões e todos os operadores atuam com total liberdade para definir as suas práticas e modelos.

Desde redes imobiliárias internacionais, redes imobiliárias nacionais, pequenas empresas, grandes empresas, modelos de serviço digital, modelos de comissões fixas, entre tantos outros e onde cada um determina livremente as características dos serviços que propõe aos seus clientes.

O setor teve a capacidade de nunca incorporar plataformas para partilha generalizada de dados e regras de distribuição de comissões, chamadas de MLS (multiple listing service) recentemente banidas nos EUA e em alguns Países da Europa por terem sido consideradas como suscetíveis de infringir as obrigações de livre concorrência a que todo o setor está obrigado.

Pelo contrário, em 2024, o setor lançou o Portal Imobiliário, CasaYes, detido por mais de 130 acionistas do setor imobiliário, onde hoje se encontram presentes mais de 1.800 empresas e um “parque” imobiliário com mais de 165.000 imóveis – os imóveis do setor imobiliário aos quais qualquer cidadão pode aceder, conhecer e interagir. 

Aguardamos com elevada expectativa que perante a relevância deste setor – do que representa para todos os que dele fazem parte e principalmente para a sociedade em geral – possamos ter legislação que determine um patamar mínimo de exigências a todo e qualquer operador. Exigências de idoneidade, de preparação e conhecimento.