Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

É preciso que os jovens olhem para o país como o lugar onde querem construir as suas vidas

02/10/2024

O problema não está apenas nas oportunidades de trabalho, mas no próprio ambiente económico e social que os jovens encontram. É indispensável que o nosso estado afete os recursos disponíveis para desenvolver a nossa economia, e só através deste desenvolvimento económico é que as empresas vão poder remunerar melhor os jovens. Para muitos, Portugal não é visto como um lugar onde possam desenvolver as suas vidas e carreiras de forma sustentada. Isso levanta uma questão fundamental: o que podemos fazer para que os “nossos” jovens vejam Portugal como o país onde querem construir o seu futuro?

A resposta passa necessariamente pelo desenvolvimento económico. Só com um crescimento da economia nacional é que as empresas portuguesas poderão oferecer salários competitivos e oportunidades de carreira atrativas para os jovens. Se as empresas não tiverem os meios para remunerar adequadamente os seus colaboradores mais talentosos, será inevitável que esses jovens procurem melhores condições noutros países. E essa captação e retenção de talento não acontece com políticas de gratificação; dificilmente conseguiremos que as mesmas tenham impactos estruturais a longo prazo. Os jovens portugueses, previsivelmente, não querem gratificações. Dizer-lhes que é possível ter 100% de entrada para a compra da primeira casa, isenção do IMT, são auxílios necessários, no entanto, não passam de meras gratificações. Mas a questão que se impõe é, será que isto impacta as suas escolhas? Será que é o que realmente pesa na sua decisão de se estabelecerem e construírem aqui as suas vidas?

Portugal não pode continuar a ser o país dos salários baixos, ocorrendo o risco de daqui não sair. Para retermos os nossos jovens, precisamos de mais do que estas medidas. Precisamos de criar um ambiente de crescimento para as nossas empresas, onde o talento seja valorizado e recompensado. Só assim será possível transformar Portugal num país onde os jovens querem viver e trabalhar.

A retenção de talento é, afinal, um indicador da saúde económica de qualquer nação. Se queremos parar a emigração dos nossos jovens, temos de olhar para o país como um lugar onde eles queiram – e possam – construir as suas vidas.