Responsável por elevados consumos de energia em todo o seu ciclo de vida, a construção gera emissões de gases de efeito estufa e de desperdício de recursos naturais. Daí, a crescente importância de explorarmos e conhecermos, cada vez melhor, as certificações de construção sustentável, discutindo não só os seus benefícios, como os desafios e perspetivas futuras.
A certificação de construção sustentável é uma ferramenta capaz de transformar o setor da construção. Ela estimula a inovação, promove a transparência e serve como um catalisador para a adoção de medidas que minimizem os impactos ambientais.
É importante que arquitetos, engenheiros, construtores, gestores públicos e a sociedade civil entendam que a sustentabilidade não se restringe a “modas” ou a “selos de qualidade”. Trata-se de uma transformação profunda que abrange toda a cadeia produtiva da construção, desde a forma como se pensam e desenham edifícios, passando pela escolha dos materiais, até à sua manutenção e utilização diárias. A certificação, quando bem aplicada, é um instrumento de mudança. E, no futuro, funcionará como um medidor de risco, assegurando que os edifícios cumprem os seus compromissos ambientais e sociais.
Além desse papel, será um barómetro primordial para fundos de investimento e bancos, que já têm incluído nas suas análises de risco este indicador, “obrigando” à implementação desta ferramenta.
Contudo, existem desafios tais como:
- Como tornar esses investimentos sustentáveis;
- De que forma entender e responder à complexidade dos critérios;
- Como responder à alteração dos modus operandi de trabalho do setor;
- E, claro, à necessidade de formação dos profissionais.
Este tipo de práticas sustentáveis tem de se tornar o padrão, e não a exceção.
Ao olhar para o futuro, antecipo um cenário em que a construção sustentável não é apenas certificada, mas também integrada num modelo global de desenvolvimento que respeite os limites do planeta e promova a justiça social.
Esta visão requer uma colaboração entre os setores público e privado, o desenvolvimento de novas tecnologias e a consciencialização de toda a sociedade sobre a importância de construir de forma “responsável”.
Cada projeto certificado é um passo rumo a um mundo onde o crescimento económico e o respeito pelo meio ambiente caminham juntos. De salientar que os edifícios que habitamos têm o poder de nos inspirar a alterar comportamentos e incentivam a uma nova forma de pensar o urbanismo e o modo como vivemos.
Sinto que, à medida que os sistemas de certificação se disseminam e se adaptam, contribuem para que ao setor da construção se torne um dos principais motores da economia verde. Certificar, construir e habitar de forma sustentável é o que define uma sociedade preparada para os desafios do século XXI. É um caminho que exige pensamento crítico, investimento, inovação e, acima de tudo, uma mudança de mentalidade – precisamos de um compromisso coletivo para transformar a forma como o ser humano se posiciona no planeta.