Segundo dados recentes da Fundação Francisco Manuel dos Santos, o número de idosos em Portugal tem aumentado significativamente, com projeções que indicam que, em 2050, cerca de 40% da população portuguesa será composta por pessoas com 65 anos ou mais. Este cenário apresenta inúmeros desafios, em várias dimensões, nomeadamente no setor da habitação.
Os idosos necessitam de especial atenção de todos os setores da sociedade. Embora seja crítico e imprescindível desenvolver medidas que visem reter os nossos jovens em Portugal, é igualmente crucial pensar em estratégias que assegurem que a crescente população idosa possa viver com conforto e dignidade. Isso implica garantir espaços habitacionais adequados às suas necessidades específicas e recursos financeiros suficientes para manter uma qualidade de vida adequada.
A habitação desempenha um papel fundamental neste contexto. A casa, seja própria ou arrendada, é mais do que um mero abrigo; é um espaço de conforto, segurança e bem-estar, quase todos conhecemos algum idoso que “vê” na sua casa o melhor lugar do mundo. No entanto, a maioria das habitações em Portugal não está preparada para acolher pessoas em idade avançada, que frequentemente enfrentam dificuldades de mobilidade e outras limitações.
De acordo com os dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos, mais de um milhão de idosos vivem sozinhos em Portugal. Este número alarmante reflete o isolamento social, mas também a inadequação das condições habitacionais que muitos destes idosos enfrentam e a necessidade de se pensar em modelos habitacionais multigeracionais. É imperativo que se tomem medidas para garantir que estas pessoas possam viver em ambientes que promovam a sua saúde e bem-estar.
É muito importante pensar um novo ciclo no setor imobiliário, que responda às necessidades da população idosa. Este novo ciclo deve incluir a adaptação das habitações existentes e a construção de novas casas. Além disso, é fundamental desenvolver políticas públicas que incentivem a remodelação de habitações, de modo a torná-las mais seguras e confortáveis para os idosos. Os bancos vão ter um papel fundamental e vão ter de implementar novos modelos de financiamento a cidadãos idosos.
A criação de um ambiente habitacional adequado para os idosos requer a colaboração de todos os setores da sociedade. Da mesma forma que se fala na importância das creches para o desenvolvimento das crianças, é crucial perceber a necessidade de criar condições habitacionais e ocupacionais adequadas para os idosos. Este é o terceiro ciclo que deve ser integrado de forma clara e sem preconceitos na nossa sociedade, o que eventualmente pode desencadear um novo e necessário ciclo económico.
O envelhecimento da população é um desafio que não pode ser ignorado. É imperativo perceber que há um terceiro ciclo que tem de ser de forma clara e sem preconceito trazido para a nossa sociedade e que vai necessitar da colaboração e empenho de todos, até porque, se tudo correr bem, todos irão passar por ele. As políticas habitacionais devem ser repensadas e adaptadas para garantir que todos os cidadãos, independentemente da sua idade, possam viver com dignidade e conforto.