Antes de prosseguir com a minha partilha dos momentos que mais me marcaram, devo fazer uma declaração de interesse uma vez que, a convite dos organizadores, tive a honra de participar na mesa-redonda onde se debateu “O futuro a bater-nos à porta!”.
Quem costuma ler esta coluna, saberá que tentei partilhar as preocupações que me têm feito escrever, nomeadamente sobre as lacunas de proteção de seguros e, muito especialmente, as que estão associadas aos fenómenos sísmicos, com a aparente perca de momentum da implementação de uma solução nacional abrangente. Que futuro teremos se não forem agora resolvidas questões infraestruturantes como esta? Não tendo resposta de momento para este tema, não há dúvida que se falou muito do futuro do setor e muito principalmente de toda a inovação que já é hoje uma realidade.
Em termos de contexto, as palavras fortes foram ação e aceleração. Mais do que nunca é importante reganhar a confiança dos diferentes atores do setor. E a confiança, que, sabemos, custa a ganhar e se perde facilmente, passa por termos um quadro regulatório estável, uma tributação competitiva e uma disponibilização adequada dos terrenos públicos. Os últimos desenvolvimentos apresentam uma direção e tendência positivas, no entanto o “fazer acontecer” parece estar a ter uma menor capacidade de implementação que não se coaduna com a emergência dada ao problema da habitação.
Outro tema que hoje em dia é incontornável, o da sustentabilidade, foi também amplamente debatido tendo em conta o objetivo de atingir a descarbonização de todos os edifícios até 2050. De um ponto de vista regulatório, a transposição da diretiva europeia para o desenvolvimento energético dos edifícios vai-nos trazer a integração e o reforço de estratégias para a reabilitação a longo prazo, ao favorecer o combate à pobreza energética, mas também a redução das necessidades de consumo de energia, o aumento da eficiência energética e o recurso a fontes de energia renovável. Neste campo foram apresentados exemplos já a funcionar de bairros solares: uma realidade de produção e de partilha de energia renovável. Os painéis solares podem ser colocados no telhado de um produtor que partilha, com um desconto, a energia que for autoconsumida pelos vizinhos, criando assim uma comunidade de energia.
O texto já vai longo, mas não poderia acabar sem referir outro tema obrigatório em qualquer conferência: a Inteligência Artificial (IA). A internet-das-coisas deixou de ter o seu lugar nas apresentações tendo sido substituída por todos os desenvolvimentos da IA. Pareceu-me evidente que mais uma vez teremos de ter as bases para poder retirar todo o potencial destas inovações. Será necessária uma maior adoção da tecnologia BIM-Building Information Modeling, que permite gerir todo o ciclo de vida de um edifício, para poder passar à próxima fase. Uma fase onde a escassez de mão-de-obra poderá ser resolvida pelo recurso a robôs? Temas que, sem dúvida, no próximo ano me levarão de novo a estar presente na COPIP 2025.