ADENE antevê 2023 “favorável para a energia, imobiliário e construção”

25/01/2023
ADENE antevê 2023 “favorável para a energia, imobiliário e construção”
“Temos assistido a uma grande aposta por parte da fileira da construção nos critérios de sustentabilidade”, afirma Nelson Lage.

Sem esquecer as várias incertezas, Nelson Lage espera que em 2023 “a atividade do setor da construção se possa manter positiva, à semelhança do que aconteceu em 2022”. Isto porque “temos os recursos financeiros (nacionais e europeus) necessários para garantir o investimento, e é preciso que este seja feito”, além de uma estratégia de longo prazo para a renovação dos edifícios (ELPRE) que já está a ser implementada. Ao nível governativo, a ADENE identifica “um caminho bem definido, nomeadamente agora, através da grande aposta na habitação com a criação de um ministério específico para lidar com as temáticas deste setor, que foi uma notícia positiva”. A par de um Ministério do Ambiente “forte”, Nelson Lage espera um reforço na aposta política na habitação e uma maior concertação entre os dois ministérios, rumo a um imobiliário mais sustentável.

Prevendo mais um ano positivo para o setor da construção e do imobiliário, Nelson Lage não esconde que o atual contexto “conjuga uma série de elementos que criam aquilo que pode ser considerado uma tempestade quase perfeita”, contando com a guerra na Ucrânia, a crise energética ou a escalada da inflação e das taxas de juro, que “desafia os líderes mundiais a pensar rapidamente em soluções para as crises que vivemos”. Mas acredita que “este cenário atual é claramente de grandes oportunidades”, nomeadamente para “reforçar o posicionamento de Portugal, da União Europeia e dos seus Estados-membros no âmbito da transição energética e na descarbonização da economia”. É um “motor para uma vez mais, reforçar a nossa resiliência e autonomia energética”.

No campo económico, Nelson Lage vê o copo meio cheio, já que “os especialistas referem que as taxas de juro vão descer de forma progressiva até 2025” e, por outro lado, “o Banco de Portugal, estima que a taxa de inflação se aproxime de 5,8%, valor inferior a 2022, e com tendência de redução até 2025 (acima dos 1%).". Está prevista “uma descida considerável da inflação do ano passado para este, o que cria um cenário bastante favorável”.

E ao nível energético, considera a estratégia RE-Power EU “uma resposta consolidada e concertada a toda esta situação” por parte da UE, e que Portugal em particular está bem posicionado neste momento de escalada de preços da energia. É um exemplo, nomeadamente porque “muitas das políticas e mecanismos que definimos estão agora a ser aproveitados para toda a UE, há vontade de replicar estas estratégias em todo o espaço europeu”. Por isso, o país “tem de continuar a navegar esta onda como tem feito, reforçando a aposta nas energias renováveis, na descarbonização, na sustentabilidade energética e na reabilitação dos edifícios, diversificando as fontes e também o reposicionamento geoestratégico em tudo o que tem a ver com a cadeia de valor”. Inclusivamente, o responsável está convicto de que “o acelerar dessa autonomia deve servir para reforçar os compromissos com as metas ambiciosas definidas, e no caso de Portugal, conseguiremos antecipá-las face ao inicialmente previsto”.

Resumindo um “cenário desafiante”, Nelson Lage está convicto de que “Portugal deve manter o rumo nas várias áreas do setor da energia, mas penso que estamos em condições de garantir que 2023, apesar de tudo, possa ser um ano favorável”.

“Temos de acelerar rapidamente” a transição energética do imobiliário

Nelson Lage acredita que o imobiliário português está a fazer a sua “transição verde” de forma positiva, e assume-se “bastante otimista”, já que o país “tem dado uma boa resposta a este nível”. Na construção nova em particular, “temos assistido a uma grande aposta por parte da fileira da construção nos critérios de sustentabilidade”, tema que já é debatido “em quase todos os seminários dos setores da construção e do imobiliário (…), isso é resultado do maior nível de exigência por parte do mercado, que já pede e exige casas novas mais sustentáveis. Isso leva a que o setor tenha de acompanhar este aumento da exigência das pessoas”.

Recorda o certificado energético enquanto “referência a nível europeu”, mas admite que “há coisas a melhorar no âmbito das estratégias europeias” e que, apesar dos grandes desafios que todos os setores enfrentam, “temos de acelerar rapidamente”. O responsável acredita que Portugal está “bem posicionado” no contexto europeu “precisamente porque está a acelerar e a fazer esse caminho, mas temos de levar mais países connosco, pois temos realmente de acelerar o processo de descarbonização dos edifícios até 2050. Daqui até lá, já não falta muito”. Destaca a necessidade de trabalhar logo no momento da projeção e conceção do imobiliário, e de “ir mais além do momento da construção, passando também pelo uso eficiente da energia, da água e dos materiais em todo o processo”, apela.