Aumento da procura por dormidas nos Açores dinamiza mercado hoteleiro e imobiliário

23/03/2022
Aumento da procura por dormidas nos Açores dinamiza mercado hoteleiro e imobiliário

Os Açores registaram cerca de 1,9 milhões de dormidas em alojamentos turísticos em 2021, mais do dobro do valor verificado em 2020, mas inferior ao de 2019, segundo o Serviço Regional de Estatística (SREA). “De janeiro a dezembro, no conjunto dos estabelecimentos hoteleiros (hotéis, hotéis-apartamentos, apartamentos turísticos e pousadas), do turismo no espaço rural e do alojamento local da Região Autónoma dos Açores registaram-se 1.897,9 mil dormidas, valor superior em 122,1% ao registado em igual período de 2020″, lê-se no relatório da atividade turística referente a dezembro de 2021.

Mais de metade das dormidas em alojamentos turísticos nos Açores em 2021 foi de residentes em Portugal (1,1 milhões), que registaram “um acréscimo homólogo de 101,7%”.

Também segundo o INE – Instituto Nacional de Estatística, os Açores foram a região com o maior aumento de dormidas, com um crescimento de 119% face a 2020. O crescimento ocorreu quer nas dormidas de residentes, que verificaram um aumento de 99%, quer de estrangeiros, com uma subida de 164%.

De facto, as ilhas, em particular os Açores, tornaram-se num destino privilegiado após o levantamento das restrições impostos pela pandemia. A juntar às características de destinos de excelência que, quer Açores, quer Madeiras usufruem, a baixa incidência da taxa de Covid 19, as condições de viagem e o apoio dado pelas entidades locais potenciaram a procura por ambas as ilhas. Os analistas falam numa “redescoberta” destes destinos, que agora “lutam” pela escassez de oferta de dormidas.

Hotel na Ribeira Grande

Neste contexto, o Millennium bcp está a comercializar um hotel, localizado na Ribeira Grande, na Ilha de São Miguel, Açores. Foi inaugurado em 2004, mas atualmente não se encontra em funcionamento. A sua oferta era composta por um conjunto de 18 apartamentos, bar e restaurante, piscina exterior, parque infantil e um jardim que envolvia a referida piscina, estrutura que se mantém e que é apelativa para um empreendedor que pretenda dar continuidade, naquela boa localização, a uma oferta associada ao turismo da região.

Ribeira Grande é cidade e concelho com 14 freguesias, localizada a norte da Ilha de São Miguel, caraterizada por uma paisagem única onde se pode desfrutar da beleza da Lagoa do Fogo (a 15 minutos de carro), a qual foi eleita uma das sete maravilhas de Portugal na categoria de Praia Selvagem. É uma reserva natural de elevado valor ambiental, paisagístico e turístico, sendo, por isso, muito atrativo para turistas, onde têm muito para descobrir.

O banco explica que o ativo necessita, hoje, de algumas obras que lhe permitam voltar a ter condições de utilização para o fim a que se destina, uma vez que se encontra inoperacional desde 2014, mas define-se, naturalmente, por uma oportunidade de devolver ao turismo da região, uma estrutura de acomodação e lazer, não só para turistas nacionais, como estrangeiros.

Este imóvel possui licença de utilização e alvará para atividades turísticas e é constituído, genericamente, por dois corpos independentes, o corpo A e B. O corpo A estrutura-se em dois pisos e é onde se situam os serviços de apoio administrativo ao aparthotel. No rés do chão situam-se a receção, escritório, sala de espera, wc, cozinha de apoio e restaurante. No piso 1 situam-se um bar, wc e terraço.

O corpo B é composto por três pisos e é onde se situa a zona de apartamentos. Tem uma cave com utilização independente, para estacionamento com capacidade para 10 carros, e onde se situam a lavandaria, wc e armazém. Os pisos 1 e 2 são constituídos por 12 apartamentos de tipologia T1, 4 de tipologia T2 e dois estúdios. O exterior tem uma piscina e parque infantil.

Localiza-se a 20 minutos do aeroporto da ilha, e está inserido numa zona residencial calma, com fácil acesso à paragem de autocarros, supermercados, serviços médicos, restaurantes, entre outros serviços.

Investidores locais ou fora da ilha

Ildeberto de Melo, da Objetivo Principal, Unip. Lda, parceira do Millennium bcp na promoção e venda deste ativo, em regime de exclusividade, questionado sobre a potencialidade do ativo junto do público-alvo, respondeu ao Público Imobiliário que “este hotel localiza-se na zona norte da Ilha de São Miguel, uma zona em clara expansão turística, cada vez mais procurada pelas suas belezas naturais (como a caldeira velha, a Lagoa do Fogo, as zonas balneares, a famosa praia de Santa Bárbara, as caldeiras da Ribeira Grande e o seu típico cozido, as águas termais)”. Ou seja, a sua disponibilidade, a sua localização e a procura existente na região são, segundo este profissional, elementos que lhe conferem a atratividade necessária para investidores, quer locais, quer de fora da ilha, aliando ainda, a forte identidade cultural da cidade da Ribeira Grande.

Na opinião de Rui Felgueiras, do Millennium bcp, a maior abertura nas viagens e turismo estão, efetivamente, a ter reflexos muito importantes na procura de imóveis. Tal, por exemplo no mercado dos Açores, trouxe uma maior procura por alojamentos dos mais diversos tipos, e com isso, uma pressão sobre a procura, e uma vontade clara de retomar o investimento no imobiliário.

Para o Millennium bcp, o mercado dos Açores teve alguma expressão, tanto em quantidade, como em valor de imóveis, mas nos anos 2013 a 2017. “Este é um mercado que, pelo que pude apreciar, tem um comportamento e ciclos, parecidos com os do continente, embora com um ligeiro desfasamento no tempo. Assim, e o que verificamos de 2017 até agora, foi uma absorção pelo mercado das diferentes tipologias, em curtos espaços de tempo, provando a saúde e interesse de investidores locais, investidores do continente e mesmo estrangeiros, por este mercado”, disse Rui Felgueiras.

O ativo em questão, para este profissional, tem caraterísticas muito interessantes no contexto do mercado imobiliário dos Açores em geral, e no contexto do mercado do turismo e viagens, em particular, o qual tem demonstrado um crescimento da procura, muito forte. “Esse crescimento da procura, dinamizado por pessoas que fazem viagens para realizarem, por exemplo, caminhadas e contatar com uma realidade de descoberta, mergulho, surf ou outro tipo de atividades de forte contato com a natureza, faz dos Açores e, consequentemente, de ativos como este, componentes muito apelativos”.

Rui Felgueiras reforça que o hotel em destaque tem licença de utilização para atividades turísticas e está inserido na zona da Ribeira Grande, local de menor densidade habitacional, mas que está a cerca de 15 minutos, de carro, de Ponta Delgada, com as Furnas e a Lagoa do Fogo a poucos quilómetros também, bem como o mar a 700 metros, e uma quase infindável escolha de trilhos para caminhar a pé. “Este ativo, por estar licenciado e poder entrar no segmento do turismo, apenas com poucos meses de reabilitação, é claramente uma oportunidade que investidores têm, de entrar neste mercado com potencial de crescimento”.

Apesar dos constrangimentos da pandemia, e dos seus efeitos sobre o turismo, Rui Felgueiras corrobora a opinião de que a proposta de valor do destino Açores ficou fortalecida com o anúncio já feito por várias companhias aéreas sobre o lançamento de novas rotas internacionais. E, com este impulso, a atividade em torno do turismo reorganiza-se naquela que é definida como a “primeira região arquipelágica certificada oficialmente como Destino Turístico Sustentável”.