Na última quinta-feira, o Banco Central Europeu voltou a baixar a taxa de juro de referência em 0,25 pontos percentuais para 2,25%. É a sétima vez no espaço de um ano, e vai ao encontro das expetativas dos analistas.
Segundo a Euronews, as taxas de juro da facilidade permanente de depósito, das operações principais de refinanciamento e da facilidade permanente de cedência de liquidez serão reduzidas para 2,25%, 2,40% e 2,65%, respetivamente, com efeitos a partir do dia 23 de abril.
O BCE justifica a decisão com o facto de as ameaças ao crescimento económico serem superiores às preocupações com a inflação. Em comunicado, a instituição europeia refere que “o processo de desinflação está no bom caminho. A inflação continuou a evoluir como esperado pelos especialistas, tendo a inflação global e a inflação subjacente diminuído em março”.
A perspetiva de um abrandamento económico e a redução dos custos da energia deverão aliviar as pressões sobre os preços, que já estão a regressar ao objetivo de 2% do BCE. Com o IHPC em 2,2% em março, os preços continuam a aumentar, mas a um ritmo mais lento que os 2,3% de fevereiro. A inflação subjacente, que exclui componentes voláteis como a energia e os alimentos, caiu para 2,4%, o valor mais baixo desde o início de 2022. A inflação anual dos serviços, por sua vez, caiu de 3,7% em fevereiro para 3,4%. Este é o nível mais baixo em quase três anos.
O BCE admite que “a economia da área do euro tem vindo a ganhar alguma resistência aos choques mundiais, mas as perspetivas de crescimento deterioraram-se devido ao aumento das tensões comerciais. O aumento da incerteza é suscetível de reduzir a confiança das famílias e das empresas, e a reação adversa e volátil do mercado às tensões comerciais é suscetível de ter um impacto restritivo sobre as condições de financiamento".
De recordar que este novo corte das taxas de juro acontece depois da escalada da guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez afundar os mercados bolsistas e que representa um risco para o crescimento económico da zona euro. Já no início do ano, a Alemanha tinha aprovado um pacote histórico de despesas que aumentou as perspetivas na região, mas as disputas comerciais criam nova incerteza e podem atrasar a recuperação da zona euro.
Os especialistas acreditam que a guerra comercial poderá ser deflacionária para a zona euro, mesmo que a UE responda aos EUA com direitos de retaliação. Isto porque a incerteza económica restringe as despesas, mas há também a perspetiva de redirecionamento do comércio por parte de outros países. Além disso, o euro está atualmente forte em relação ao dólar, o que torna as importações relativamente mais baratas para os europeus.