Câmaras de Lisboa e Porto promovem projetos de investimento no MIPIM

17/03/2022
Câmaras de Lisboa e Porto promovem projetos de investimento no MIPIM

Decorre em Cannes, de 15 a 18 de março, uma nova edição do MIPIM, a mais importante feira dedicada ao investimento imobiliário, e as câmaras de Lisboa e Porto marcam presença em stands próprios para promover alguns dos principais projetos da cidade.

Em entrevista à Vida Imobiliária, dando as suas primeiras impressões do evento, Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, garantiu que «a presença de Lisboa no MIPIM é muito importante para a cidade, para mostrar o seu potencial imobiliário e para apresentar projetos da cidade», de que é exemplo o Programa de Renda Acessível, e «para dar apoio a quem está no investimento privado». O autarca destaca que «a cidade tem ainda muita falta de capital, e é importante que se perceba que atrair investimento é a maior missão para um Primeiro Ministro ou para um Presidente de Câmara».

Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto, considera que «esta é seguramente a feira mais importante na qual participamos, a par da Expo Real. Estamos novamente presentes com stand melhorado, em parceria com vários agentes da área do imobiliário. É uma presença institucional, e também de mostra de vários projetos da cidade, como de renda acessível, como residências de estudantes. É o sítio ideal para mostrar o que está a ser feito na cidade, e para encontrar parceiros interessados em fazer esses investimentos connosco», afirma à Vida Imobiliária.

300.000 m2 de renda acessível em Lisboa procuram interessados

Em concreto, Lisboa leva ao MIPIM três projetos de concessão do Programa de Renda Acessível municipal, nomeadamente no Alto da Ajuda, nas Olaias e no Vale de Santo António.

No seu conjunto, estes projetos somam mais de 300.000 metros quadrados e, por isso, Carlos Moedas considera que são «transformadores», e recorda que «Lisboa precisa de investimento e também de renda acessível. Se a cidade não tiver uma malha social equilibrada, não funciona. Lisboa tem de aprender e equilibrar essa malha com habitação municipal e também com renda acessível, que seja interessante para os investidores, e até agora não temos tido essa capacidade de atração». Por isso, garante que a autarquia trabalha para «modificar critérios para tornar o programa mais atrativo».

Carlos Moedas assegura também que a autarquia está a trabalhar na agilização dos processos urbanísticos, que tantas vezes são referidos como um dos principais obstáculos ao investimento. Recorda que já foi criada uma nova equipa no urbanismo, «uma espécie de comissão de Concertação Social entre serviços, que trabalham de forma semanal, que reúne todos à volta da mesa». A CML prossegue o seu processo de digitalização, e também já foi criada a figura do gestor do processo, que acompanha todo o licenciamento do princípio ao fim.

«Lisboa é uma cidade aberta, que agradece a quem queria investir, que fará de tudo para tratar os investidores de forma transparente, digna, com respostas rápidas. Invistam em Lisboa, que tem enorme potencial para o investimento e que cuida dos seus investidores», conclui Carlos Moedas.

Câmara do Porto promove projetos de habitação acessível e Build to Rent

Rui Moreira recordou que a cidade tem em curso vários grandes projetos imobiliários, alguns «puramente públicos», como o projeto de Lordelo do Outro, mas outros serão feitos em parceria com privados, como o Monte da Bela.

«Habitação acessível e Build to Rent em solo municipal são os principais projetos que apresentamos aqui. Não temos problema nenhum em fazer estes projetos em parceria com privados. Hoje há uma enorme carência de habitação a preços acessíveis, precisamos de ir mais além da renda social», afirma o autarca.

Recorda que o concurso de concessão para o projeto do Monte da Bela, lançado em 2021, «não correu bem, não era o momento adequado», e que agora a autarquia vai ser responsável pelas infraestruturas do projeto, o que, acredita, «dará maior confiança aos investidores».

O mesmo com o projeto do Monte Pedral, que «está pronto, e já fizemos a discussão sobre o que construir nessa zona. O projeto está estabilizado, e vamos desenvolver uma residência de estudantes em parceria com a Universidade do Porto». Também terá componente de escritórios e de habitação, num total de 330 fogos, e é para essa componente que «vamos fazer um concurso para ver até que ponto interessa ao mercado».

O projeto Porto com Sentido é também um dos destaques, um projeto que convida os proprietários de casas vazias, nomeadamente de alojamento local, a arrendar os imóveis à CMP, que as subarrenda no mercado de arrendamento acessível. Rui Moreira afirma ser «curioso como hoje em dia ainda se olha com suspeita para o mercado de arrendamento, mesmo quando o inquilino é uma câmara municipal». O programa começou por ter uma adesão lenta, mas «felizmente, as coisas têm vindo a acelerar, e temos aqui contactos com investidores interessados. Se a CMP for intermediária, dá mais confiança ao proprietário para baixar preços, que é o nosso objetivo», explica.

Oiça as duas entrevistas completas em podcast:

Carlos Moedas

Rui Moreira