Cidades médias registam as maiores valorizações da habitação

01/02/2023
Cidades médias registam as maiores valorizações da habitação

A oferta de oportunidades mais acessíveis e com maior qualidade de vida estão a impulsionar o dinamismo destas zonas, que não estavam ainda no radar do investimento, e se assumem agora como o principal motor do crescimento dos preços a nível nacional. Apesar de alguns ajustes em certos segmentos, a falta de oferta de habitação sustentou os níveis dos preços em 2022. Os preços registaram uma subida de quase 19% em dezembro, a maior dos últimos 30, apesar do abrandamento ao longo do ano, depois de um pico de subida homóloga de 21% em agosto, segundo a Confidencial Imobiliário.

Devido à grande procura, desde 2021 que os mercados periféricos têm vindo a valorizar muito acima da média nacional, oferecendo, no entanto, preços de venda mais acessíveis, e muitas vezes abaixo dos atuais custos de construção. Vila Real, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Santarém ou Moita são exemplo disso, com subidas dos preços entre os 23% e os 42% no último trimestre do ano. Por oposição, os mercados mais maduros, como Lisboa e Porto, já registam aumentos de preços muito mais contidos, segundo a Ci.

A procura destas alternativas mais acessíveis, incluindo em zonas rurais, é uma “tendência de descentralização” que os especialistas de mercado preveem que se mantenha e até intensifique em 2023, com uma maior deslocação de quem procura habitações mais acessíveis. Outros concelhos e zonas rurais próximos dos centros urbanos até agora sem grande pressão de procura vão continuar a registar um crescimento dos preços.

Mais oferta é necessária

Em paralelo, a dinâmica dos licenciamentos retomou em 2022. Depois da “travagem” que se sentiu em 2021, até novembro do ano passado foram submetidos a licenciamento municipal 17.850 projetos de habitação em todo o país, que somam 39.560 novos fogos, um volume que já supera em 6% o total de fogos submetidos a licenciamento em 2021. O Pipeline Imobiliário evidencia maior otimismo, mas a produção continua a não ser suficiente para um reforço significativo da oferta ou para equilibrar os preços. Até porque, no último Portuguese Investment Property Survey, conduzido pela Ci e pela APPII, mais promotores imobiliários indicaram que a maior parte dos seus novos projetos se dirigem a um público internacional, para acomodar os custos acrescidos e também evitar a exposição a segmentos mais impactados pela inflação e pelo aumento das taxas de juro.

Admitindo a necessidade de aumentar a oferta, os especialistas identificam alguns desafios para a promoção imobiliária em 2023, que se prendem com o agravamento dos custos de construção ou os tempos de licenciamento. Mas a escassez de oferta e a diversidade de públicos-alvo asseguram que este setor se mantém atrativo.