Construção ganha ritmo no início do ano. Empresas dão nota de estabilização

21/05/2025
Construção ganha ritmo no início do ano. Empresas dão nota de estabilização
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O setor da construção em Portugal deu sinais consistentes de crescimento em vários indicadores de atividade no ano decorrido até agora, mostra a mais recente Conjuntura da Construção, publicada pela AICCOPN. Um dos destaques é o crescimento assinalável da área licenciada pelas autarquias nos primeiros dois meses do ano, com variações homólogas de 28,3% nos edifícios habitacionais e 17,6% nos edifícios não residenciais.

No mesmo período, o número de fogos licenciados em construções novas ascendeu a 6.641, representando um aumento de 28,3% face aos 5.176 registados nos dois primeiros meses de 2024, ou seja, mais 1.465 habitações.

No que diz respeito ao Índice de Custos de Construção de Habitação Nova, no mês de fevereiro de 2025, registou-se um crescimento de 3,1%, em termos homólogos, resultante da estabilização da componente dos materiais e de um aumento de 6,9% na componente referente à mão de obra.

De acordo com dados do Banco de Portugal, em março, o montante de crédito às empresas do setor da construção aumentou 3,8% face ao mesmo mês de 2024, totalizando 6.500 milhões de euros, em contraste com a redução de 0,1% observada no stock de crédito total. No mesmo período, o crédito vencido registou uma diminuição de 18% no setor da construção, bastante superior à contração de 6,8% verificada no total da economia, o que evidencia uma melhoria significativa na qualidade do crédito associado ao setor.

No mercado das obras públicas, até ao final do mês de março, apesar da redução de 28% no montante das empreitadas promovidas, observa-se um acréscimo de 62%, em termos homólogos e temporalmente comparáveis, no montante dos contratos de empreitada celebrados e registados no Portal Base, que totalizaram os 1.301,6 milhões de euros.

Mão-de-obra é maior constrangimento para as empresas

Por outro lado, 63% das empresas que operam no setor da construção civil, questionadas pela AICCOPN no âmbito do inquérito à situação do setor, dão nota de uma estabilização global da sua atividade, um ligeiro aumento face aos 60% que indicaram o mesmo no último trimestre de 2024. 

Em paralelo, cerca de 30% das empresas manifestaram uma perspetiva mais positiva, assinalando um crescimento da atividade, uma proporção muito próxima dos 29% verificados no trimestre anterior.

Apesar deste enquadramento positivo, o setor da construção em Portugal continua a ter obstáculos relevantes, principalmente ao nível da escassez de mão-de-obra especializada, que é indicada como o principal constrangimento da atividade por 86% das empresas de obras privadas inquiridas e por 75% das empresas de obras públicas. 

Outro fator de pressão é o preço das matérias-primas, identificado por 39% das empresas do segmento das obras privadas. Também os preços anormalmente baixos continuam a afetar significativamente o setor, sendo referidos por 32% das empresas que operam em obras públicas.