Desequilíbrio entre oferta e procura coloca mercado residencial em contracorrente

28/04/2021
Desequilíbrio entre oferta e procura coloca mercado residencial em contracorrente

A prestação do mercado imobiliário residencial segue em contracorrente, sobretudo pelo desequilíbrio entre oferta e procura que continua a fazer-se sentir. O mercado conseguiu sustentar os níveis de procura em 2020, com uma correção dos preços de venda dos apartamentos acelerada pela pandemia, que chegou aos 3% em Lisboa e aos 6% no Porto.

Aliás, olhando para o comportamento das diferentes classes de ativos, apenas o retalho e os hotéis geraram retornos negativos aos investidores em 2020, de -3.5% e -4.7%, respetivamente. Em contrapartida, os escritórios foram os que geraram os retornos mais elevados, 6.1%, seguidos do industrial, com 5.7%, e do residencial, com 4.4%. No entanto, segundo os especialistas, o residencial foi o único setor a registar uma melhoria no seu desempenho face aos 3,6% gerados em 2019, uma tendência que deverá manter-se em 2021.

Esta procura tem sofrido algumas alterações face às novas necessidades das famílias. Ao invés de preferirem investir em espaços mais pequenos mas dentro de grandes cidades, os agregados procuram agora morar em localizações fora dos limites das urbes, em espaços mais rurais, amplos e tranquilos, um desafio para construtores e arquitetos que têm agora preocupações com o espaço útil para acomodar a convivência da família em teletrabalho, com o espaço exterior para lazer e com a eficiência energética cada vez mais na consciência dos utentes.

Segundo a AICCOPN, o número de novos edifícios de habitação licenciados subiu 2%, e o número de novos fogos 2,6%. A mesma entidade avançou que em 2020, o novo crédito concedido para compra de casa somou os 11.389 milhões de euros, mais 7,2% que no ano anterior, e um novo recorde desde 2008.

Ação Millennium bcp

O Millennium bcp está a desenvolver uma ação comercial que abarca um conjunto de lotes de terreno para construção, com cariz nacional e com representatividade na carteira global de ativos em venda pelo Banco. O ponto comum entre estes ativos é a existência de alvará de loteamento que identifica, claramente a capacidade construtiva dos mesmos, sendo este um fator positivo para o mercado target desta ação, que poderemos denominar de “Bolsa de Terrenos”. “Temos como mercado alvo para estes lotes, construtores de pequena ou média dimensão, com interesse e capacidade para desenvolver projetos de construção em regiões e localidades onde a procura existe”, refere o Banco.

As equipas comerciais da entidade financeira vão estar no terreno, a par com os respetivos mediadores para acompanharem as ações delineadas em planos comerciais concretos para cada um destes ativos. “Estes nossos parceiros, em cada espaço geográfico onde há concentração de ativos, poderão desenvolver ações de comunicação e publicidade local, complementando o Banco através de presença em imprensa e meios digitais”. Este reforço, segundo o Millennium bcp, é justificado pela relevância que estes terrenos representam para o mercado, atendendo às suas caraterísticas e ao facto de a construção ter sido e continuar a ser o setor mais ativo do mercado. “E sabendo nós que a procura por habitação tem sido notória, com pressão sobre os preços praticados, estes terrenos não são mais do que novas oportunidades de disponibilizar ao comprador final, habitações em regiões que cada vez mais vão estando nas motivações para a compra e mudança de casa”.

Complementar a oferta

Ramiro Gomes, do Millennium bcp, salientou ao Público Imobiliário que a oferta nesta ação de terrenos destina-se, fundamentalmente, a complementar a oferta habitacional em zonas mais afastadas dos grandes centros urbanos e por onde a procura se tem expandido. “Trata-se de terrenos estabilizados em termos urbanísticos, conhecendo-se, com detalhe as suas possibilidades de construção e permitindo calcular com mais precisão, os custos e proveitos da respetiva operação de promoção imobiliária e construção”.

Numa primeira fase, diz o especialista, são destinados a promotores imobiliários e construtores locais e regionais e, num momento posterior, à oferta do produto final habitacional. “Julgamos, assim, poder contribuir para completar e aumentar a oferta deste produto e ajudar a dinamizar o setor da construção e promoção imobiliária nas regiões abrangidas”.