Escritórios mantêm-se resilientes num início de ano “gradual e ponderado”

18/04/2023
Escritórios mantêm-se resilientes num início de ano “gradual e ponderado”

Depois de um ano histórico de ocupação de empresas no mercado de escritórios de Lisboa, a procura mantém-se resiliente aos fatores externos adversos, e o setor arranca o ano de forma “gradual e ponderada”.

Segundo a consultora Worx, no primeiro trimestre deste ano, o volume de absorção de espaços de escritórios terá rondado os 20.300 metros quadrados na Grande Lisboa, distribuídos por 42 operações. Excluindo a própria ocupação da Fidelidade com 28.000 metros quadrados na sua futura sede contabilizada no 1º trimestre do ano passado – situação que este ano não teve semelhança nos primeiros 3 meses –, a procura encontra-se 44% abaixo de 2022, após o volume histórico de 64.200 metros quadrados no período homólogo.

As zonas Emergente e Corredor Oeste foram as que registaram mais procura, concentrando 19% e 18% do total, respetivamente. Entre as maiores operações deste ano, estão a colocação da Code em 2.840 metros quadrados no edifício Gonçalves Zarco, na zona ribeirinha, ou da Hipoges na Torre Oriente do Colombo.

Chegada de novas empresas e “flex offices” vão marcar a procura em 2023

De acordo com as previsões da Worx para o mercado empresarial para este ano, “continuam a registar-se diversas novas procuras de empresas que se estão a instalar em Portugal pela primeira vez, o que associado à crescente absorção de espaços dos operadores de “flex offices”, irão caracterizar a dinâmica ocupacional no mercado de escritórios de Lisboa em 2023”. A consultora recorda que, segundo o BNP Paribas Real Estate, os espaços de coworking continuaram bastante ativos em 2022, registando “o melhor ano de absorção até agora”, com 23.800 metros quadrados ocupados. A WeWork, o Idea Spaces e o LACS foram os principais ocupantes no ano passado, e muitas operadoras internacionais “querem entrar em Portugal”.

Por outro lado, sinais de potencial abrandamento no mercado de escritórios ainda são “muito pontuais e recentes”, e vindos principalmente das empresas tecnológicas como a Google, Microsoft, Amazon e Meta, que têm anunciado despedimentos coletivos globais. Segundo a Worx, “antecipa-se que as forças macroeconómicas venham também a impactar o mercado de escritórios nos próximos anos, contudo, com um desfasamento temporal e um impacto reduzido face a outros setores, dada a resiliência histórica do setor de escritórios e a atratividade da capital no contexto internacional”.

Assim, a taxa de desocupação poderá subir este ano, mas não de forma substancial, já que 95% dos espaços a concluir este ano já estão pré-arrendados, e espera-se que a procura continue acima da média dos últimos 5 anos. Manter-se-á a reduzida disponibilidade nas zonas mais centrais de Lisboa e em edifícios novos/remodelados, com níveis superiores em zonas periféricas, sem acesso a metro e em que o parque de escritórios esteja mais desatualizado face aos atuais requisitos das empresas.