Estratégias imobiliárias no topo das prioridades dos gestores

07/04/2021
Estratégias imobiliárias no topo das prioridades dos gestores

A transformação do imobiliário corporativo vai acelerar este ano, em resposta aos desafios inerentes à pandemia, conclui um estudo global recente da JLL. A 6ª edição do relatório “Top 10 Global CRE Trends” da consultora identifica os pontos de viragem para o imobiliário corporativo em 2021, isto é, o imobiliário que dá suporte às atividades das empresas, como os escritórios

O estudo mostra que as estratégias imobiliárias estarão no topo das prioridades dos gestores, ao atribuir um papel crucial aos imóveis na hora de implementar novas questões na área da saúde e bem-estar dos colaboradores, novos modos de trabalho ou a descarbonização do imobiliário.

Entre as 10 tendências do imobiliário corporativo para este ano destaque desde logo para o futuro híbrido, no sentido de que trabalhar a partir de qualquer lugar irá impulsionar a dispersão da pegada ecológica e a transformação dos portfólios. O estudo revela que 50% dos colaboradores quer optar pelo modelo híbrido de trabalho, defendendo uma média de 2,4 dias por semana para o trabalho remoto. Segundo a consultora, “explorar a mobilidade advinda deste modelo híbrido de trabalho é uma forma de alcançar uma maior resiliência no futuro”.

Por outro lado, deverá assistir-se a um espaço de trabalho mais humanizado, com ambientes onde as pessoas prosperam e a performance melhore. Apesar da implementação do teletrabalho, o escritório continua a ser o local preferido para tarefas de cooperação, gestão, formação e até para a socialização. O espaço é, assim, visto como um facilitador do desempenho. “Melhorar o desempenho dos colaboradores passa por ‘re-imaginar’ o espaço de trabalho e criar ambientes positivos em colaboração com as áreas de RH e TI”, diz a JLL.

A saúde e bem-estar dos colaboradores serão outra tendência aplicada ao imobiliário corporativo. O estudo diz que 58% dos colaboradores dá prioridade a trabalhar em empresas que assegurem o seu bem-estar físico e mental. Por isso, a JLL conclui que “é importante desenvolver um programa robusto de saúde e bem-estar para os colaboradores e abordar o impacto da atividade profissional na saúde mental e na fadiga”.

Digital em primeiro lugar

A tecnologia permite tudo, sendo essencial para a empresa ter um ecossistema dinâmico e interligado entre parceiros e tecnologias, destaca a JLL. “A rápida transformação digital significou passarmos a ter acesso a tudo, em qualquer momento, a partir de qualquer lugar, com qualquer equipamento ou qualquer app”, diz a consultora, que salienta ainda que “é crucial capitalizar o poder dos ecossistemas digitais para acelerar a transformação do trabalho, dos colaboradores e do espaço de trabalho”.

A corrida para as zero emissões líquidas é outra das tendências, com o relatório a concluir que o imobiliário corporativo será crítico para atingir as metas de zero emissões líquidas de carbono. Convém relembrar que o compromisso global para estas metas duplicou em menos de um ano, abrangendo agora 22 regiões, 452 cidades, 1.101 empresas, 549 universidades e 45 dos maiores investidores, numa altura em que 40% das emissões de gases de efeito de estufa provêm de edifícios (se não forem controlados, podem duplicar até 2050) e que os edifícios geram um terço do consumo de energia a nível global. A consultora destaca que “é crucial acelerar a adoção de estratégias de descarbonização nos portfólios de imobiliário corporativo e ao longo do ciclo de vida dos imóveis”.

O mobiliário responsável é ainda destacado neste estudo, com o compromisso para trazer uma mudança positiva através do imobiliário estará no topo da agenda das estratégias de imobiliário corporativo em 2021. Nesse sentido, “é importante melhorar o ambiente construído para trazer uma mudança positiva e sustentável que incentive a saúde e a prosperidade das pessoas e do planeta”.

A sétima tendência apontada no documento é a denominada urbanização distribuída . A JLL explica que a procura por um modelo urbano mais sustentável e resiliente irá resultar na mudança da lógica espacial das cidades. Evidencia-se a emergência de uma cidade policêntrica, mas altamente conectada. Por isso, “alinhar a estratégia de localização com a nova lógica espacial das cidades será uma forma de trazer sustentabilidade e resiliência para o portfólio de imobiliário”.

Flexibilidade vai ser preponderante

A transformação Flex foi igualmente mencionada, com o espaço de trabalho flexível a ser uma ferramenta estratégica central para dar agilidade aos portfólios no pós-Covid, afirma a JLL. O estudo mostra que 33% dos diretores de imobiliário corporativo das empresas antecipa que o uso de coworking/espaço flexível vai aumentar no pós-Covid, a par de uma inovação neste tipo de produto.

Assim, “integrar espaços flexíveis no portfólio imobiliário da empresa será uma forma de dar resposta às preferências de trabalho em mudança”.

Por outro lado, irão novas métricas e perspetivas serão a base para a melhoria dos portfólios com a monitorização de dados para agilizar o futuro do trabalho, conforme aponta este relatório. Nos próximos três anos, 70% das métricas que as empresas adotarão serão não-tradicionais, estando centradas no desempenho humano, no portfólio e no imobiliário responsável. Importa “construir uma cultura orientada para a monitorização através de métricas”, o que permitirá “tomar decisões baseadas em dados em tempo real”.

A última tendência foi a resiliência. Para a JLL, a constante transformação requererá uma resiliência adaptável, ágil e responsável por parte das empresas. Conclui o estudo que 42% dos colaboradores diz que a sua empresa quer promover uma empresa resiliente, apta a inovar e adaptar-se a crises futuras. Assim, “integrar um elevado nível de elasticidade na estratégia de imobiliário corporativo permitirá adaptar a empresa às constantes mudanças na procura”.