A habitação está no topo das preocupações dos principais candidatos à Câmara Municipal de Lisboa. Carlos Moedas, atual presidente da autarquia, e Alexandra Leitão, candidata pelo PS, partilharam os seus principais planos e ambições para a capital nos próximos anos com o setor imobiliário em dois Almoços-Conferência promovidos na última semana pela revista Vida Imobiliária em conjunto com a Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários.

Habitação “é o maior desafio que temos”
A habitação foi o principal tema em destaque nos dois discursos. “Uma cidade que cuida tem de ter habitação, esse é o maior desafio que nós temos”, referiu Carlos Moedas. Os maiores planos do autarca para Lisboa a longo prazo são, precisamente, nesta área, “porque esse é o maior anseio”. Deu o exemplo dos avanços nos grandes projetos do Vale de Santo António ou do Vale de Chelas, “uma maravilha que temos aqui no meio da cidade”. E deixou o apelo à sala de profissionais do setor: “vocês têm de construir connosco, em parceria".
Recordando o trabalho feito nos últimos 4 anos, incluindo a agilização dos processos de licenciamento, refere que “quando cheguei, estavam em construção 256 casas. Nós agarrámos esses projetos, mas fizemos mais, com as quase 2.000 casas vazias que tínhamos disponíveis. Cerca de 1.800 foram remodeladas, e entregues a famílias. Hoje temos também mais de 1.200 famílias com apoio direto à renda, e isto é importante para a cidade”.

“Precisamos de todos”
Alexandra Leitão encara a questão da habitação como “uma emergência” e, para a resolver, “precisamos de todos, público, cooperativo ou privado. E ninguém conhece melhor o que se passa hoje com a habitação na cidade do que os presentes nesta sala”. Para incentivar a criação de mais habitação, nomeadamente em parceria, propõe a revisão do PDM; introdução de majorações de edificabilidade em projetos imobiliários com habitação acessível; redução de taxas municipais e dos prazos de licenciamento para os projetos de grande dimensão. “Quanto mais tempo o investimento fica parado, mais se repercute no preço das casas, e não queremos que isso aconteça”. Acredita que “é exequível perspetivar a construção de 4.500 fogos durante um mandato, parte com promoção direta municipal, e parte com parcerias privadas”.
Carlos Moedas reiterou que são necessários mais projetos de parceria com os privados. Recorda que “o Executivo anterior criou modelos que não interessaram aos promotores imobiliários. Porque um privado até pode aceitar ganhar menos, mas não pode perder dinheiro. Mas eu tenho esperança de que consigamos fazer estas parcerias para renda acessível”. Apelou ao setor: “não deixem que este trabalho pare. Este é um projeto incrível, temos sonho e visão para a cidade”.
Estes dois almoços realizaram-se a 17 e 18 de setembro, no Hotel Pestana Palace, em Lisboa.