Habitação em resorts valoriza 21%, com vendas a subir 25%

10/05/2023
Habitação em resorts valoriza 21%, com vendas a subir 25%

2022 foi um ano especialmente dinâmico para o mercado do turismo residencial e habitação integrada em resorts em Portugal. Este tipo de ativo registou um aumento inédito do preço médio de venda de 21% e de 25% no número de vendas, mostram os últimos números do Índice de Preços de Resorts da Confidencial Imobiliário.

Esta subida reflete essencialmente o comportamento do mercado na segunda metade do ano, quando os preços dispararam 18,9% face ao semestre anterior, que tinha registado uma variação em cadeia de apenas 1,5%. Mas não é a primeira vez que os semestres registam subidas tão díspares, já que este mercado é extremamente reativo a alterações conjunturais que possam, previsivelmente, afetar a procura, respondendo com um rápido ajuste dos preços a situações de incerteza, de que foi exemplo o Brexit. Recentemente, depois dos períodos de restrições da pandemia, os preços subiram de forma mais contida, disparando 13% depois do levantamento total das mesmas no 2º semestre de 2021. Na primeira metade de 2022, registou-se uma nova travagem na valorização, coincidente com o início da guerra na Ucrânia e com o agravamento da conjuntura económica. Quando houve alguma previsibilidade quanto à sua evolução, na segunda metade do ano, os preços voltaram a disparar, acumulando então esta variação homóloga de 21%.

Pela primeira vez, o valor médio de oferta de habitação integrada em resort superou os 5.000 euros, atingindo os 5.023 euros/m², que comparam com os 4.418 euros/m² de 2021 e invertem a tendência de estabilização que se verificava nos últimos anos. Entre 2016 e 2021 o valor médio de oferta oscilou entre os 4.100 e os 4.400 euros/m², um posicionamento de preços que sugere que a oferta está a acompanhar a tendência de procura.

Este comportamento reflete também o comportamento do principal mercado deste tipo de oferta, o eixo Albufeira-Loulé, que agrega 38% da oferta contabilizada em 2022. Aqui, o valor médio de oferta superou pela primeira vez os 6.113 euros/m², a comparar com os 5.100 euros/m² do ano anterior.

Também no Sotavento os preços subiram consideravelmente, consequência de alterações na estrutura da oferta. É o destino com menor peso na oferta de resorts do país, mas praticamente duplicou a oferta entre 2021 e 2022, com a entrada de um novo resort em venda, que influenciou o preço médio da oferta, que chegou aos 5.038 euros/m². Com 19% da oferta, o Barlavento registou um preço médio pedido de 3.981 euros/m².

Vendas sobem 25%

Em paralelo, as vendas deste tipo de habitação subiram 25% no ano passado, atingindo um recorde de mais de 400 unidades vendidas, com um preço médio de venda dos resorts no país de 4.370 euros/m².

A atividade do ano foi particularmente impulsionada pela atividade nas regiões da Costa Atlântica, Sotavento e Barlavento, e foi na primeira que as vendas mais subiram no último ano. Esta região equipara-se agora ao eixo Albufeira-Loulé, com uma quota de 32% das vendas. Albufeira-Loulé concentra 34% das vendas em resorts, com um preço médio de venda de 5.000 euros/m², a única região do Algarve a registar uma redução das vendas face a 2021. Já o Sotavento destacou-se pelo seu dinamismo em 2022, agregando 9% das vendas, e o Barlavento manteve a sua quota em torno dos 25%.

Mercado britânico reforça presença em Albufeira-Loulé

Os investidores britânicos mantêm a sua importância neste mercado. 70% escolheu o eixo Albufeira-Loulé para comprar casa no 2º semestre do ano, numa quota de 63% no global de 2022, ultrapassando a quota máxima anterior de 55% em 2020. No entanto, o seu ticket de investimento não aumentou face a 2021, mantendo-se num preço médio de 6.381 euros/m², pouco abaixo do valor médio do ano anterior, optando agora por casas mais pequenas, já que o valor médio por fogo desceu de 1,88 milhões de euros para 1,33 milhões em 2022.

Outras 10 nacionalidades investiram em resorts nesta região, nomeadamente oriundos dos Países Baixos, com 10% das vendas internacionais, seguidos pelos irlandeses, com 8%. As restantes nacionalidades são maioritariamente europeias.

Otimismo mais cauteloso dos operadores

Ainda assim, e apesar destes números muito positivos, os operadores de mercado mostram-se muito menos otimistas agora, quer em relação à evolução dos preços, quer em relação às vendas, mostra o índice de expetativas do Resort Market Survey, inquérito de confiança desenvolvido pela Ci e pela APR. Este índice recuou bastante, atingindo os 26 pontos no 2º semestre, o nível mais baixo registado nos últimos dois anos, confirmando a contenção de expetativas dos 48 pontos do semestre anterior.

E é com as vendas que os operadores mais se sentem reticentes, apesar de positivos, com alguns operadores a esperar um 2023 um pouco menos dinâmico que os dois anos anteriores, em reflexo das alterações nas políticas macroeconómicas tanto da Europa como dos EUA. No entanto, a falta de oferta do mercado continuará a pressionar os preços em alta, com 38% dos inquiridos a esperar uma continuação da subida dos preços este ano, em torno dos 4%.