Investimento imobiliário arranca o ano a descer 39%

18/04/2023
Investimento imobiliário arranca o ano a descer 39%

No primeiro trimestre deste ano, foram investidos no imobiliário comercial português 230 milhões de euros, uma descida de 39% face a igual período de 2022. Nas contas da consultora CBRE, esta descida do investimento aplicado resulta “de uma maior precaução por parte do mercado, dado o atual contexto de inflação, subida de taxas de juro e instabilidade económica e geopolítica”.

E explica: “verifica-se uma atitude mais cautelosa por parte dos investidores que esperam uma estabilização e até possível ajuste dos preços”, ressalvando que, ainda assim, “o primeiro trimestre de 2023 ficou apenas a 14% do volume de investimento do período homólogo de 2019, o que demonstra que o imobiliário comercial em Portugal continua a ser um mercado muito atrativo para investidores nacionais e internacionais”.

Do volume já investido este ano, 67% diz respeito a ativos de retalho (153 milhões de euros), 14% ao setor logístico (33 milhões de euros), 16% a ativos de escritórios (38 milhões de euros) e 3% ao setor da saúde (6 milhões de euros).

Mais de metade das transações foram realizadas na zona de Lisboa, e mais de 80% do investimento tem origem estrangeira, com investimento americano a deter a maior fatia.

Nuno Nunes, Head of Capital Markets da CBRE Portugal, não tem dúvidas de que “apesar do volume de investimento no primeiro trimestre apresentar uma redução quando comparado com o ano anterior, o mercado imobiliário português tem fundamentos que permanecem fortes e que fazem com que sejamos um país com capacidade de continuar a atrair investimento estrangeiro”.

Segundo o responsável, “na generalidade, os setores mostram-se dinâmicos e em concreto na logística sabemos que existe uma procura latente por produto, apenas bloqueada pela falta de stock. O setor hoteleiro também está a beneficiar de uma dinâmica ocupacional muito forte que está a motivar muitos investidores a avançarem com operações de aquisição. Continuamos a sentir um interesse sólido nas operações que temos em curso. No entanto, é notório que em alguns casos existe um desfasamento entre a expectativa do vendedor e os preços que os compradores estão dispostos a pagar. Embora exista alguma incerteza, mantemo-nos otimistas e acreditamos que este ajuste aconteça com naturalidade e que se continuem a fazer transações interessantes para ambas as partes”.