Investimento imobiliário desceu cerca de 50%

10/01/2024
Investimento imobiliário desceu cerca de 50%
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O fecho de 2023 confirmou um abrandamento significativo na atividade do investimento imobiliário comercial em Portugal, com as previsões de fecho de ano das consultoras em torno dos 1.600 a 1.730 milhões de euros. É uma quebra de cerca de 50% face ao volume de investimento de 2022.

Nas contas da Cushman & Wakefield, foram investidos 1.730 milhões de euros no imobiliário comercial português, -42% que o volume registado em 2022, em linha com outros mercados europeus. No seu relatório de balanço do ano, a CBRE contabiliza 1.600 milhões de euros investidos em imobiliário de rendimento, -52% que no ano anterior. Foram fechados 94 negócios, 60% abaixo de 2022.

Hotelaria e retalho foram os segmentos que mais capital atraíram, 42% e 35% do total, respetivamente, segundo a C&W. Foram investidos 730 milhões de euros em hotéis, valor fortemente influenciado pela compra pela Arrow do portfólio Dom Pedro à Saviotti por 250 milhões de euros. Já o retalho atraiu 600 milhões de euros.

Um ano atípico e desafiante 

Francisco Horta e Costa, Managing Director da CBRE Portugal, destaca que “2023 foi de facto um ano atípico e de acentuado recuo face ao ano anterior. Com o objetivo de controlar a inflação, as taxas de juro registaram um aumento acelerado, trazendo bastante incerteza a nível de pricing dos ativos e deixando os investidores mais cautelosos”.

Eric van Leuven, diretor-geral da C&W em Portugal, recorda que “o ano de 2023 foi desafiante, num enquadramento de subidas das taxas de juro por forma a controlar o aumento da inflação e de aumento dos custos de financiamento, com consequente impacto no mercado imobiliário global. Em Portugal registou-se um abrandamento da atividade de investimento imobiliário comercial e, no mercado ocupacional, o setor de escritórios na Grande Lisboa atingiu inclusive o segundo valor mais baixo de absorção da última década”. Ainda assim, salienta que “outros setores demonstraram maior resiliência, mantendo a tendência de retoma moderada, como retalho e industrial e logística”.

Investimento deverá recuperar em 2024

Os especialistas consideram que o aumento das taxas de referência dos bancos centrais já terá atingido o seu pico em 2023, e um movimento de contração poderá começar o. Para o imobiliário comercial, isto poderá significar “comportamentos distintos durante este ano, com o primeiro semestre a refletir ainda contração em alguns indicadores, particularmente nos setores mais afetados em 2023, seguido de uma segunda metade do ano com uma retoma gradual generalizada”, prevê Eric van Leuven.

A CBRE antecipa um ano “ainda instável”, mas a recuperar já a partir do primeiro semestre, “com a chegada de portfólios relevantes a mercado”. Francisco Horta e Costa prevê que “o retalho e a hotelaria serão de novo em 2024 setores de destaque pela sua performance positiva e sólida mas também prevemos que a procura por produtos alternativos como as residências de estudantes e healthcare continue a aumentar”.