Investimento imobiliário deverá subir 12,5% este ano

31/01/2024
Investimento imobiliário deverá subir 12,5% este ano
Wirestock, Freepik

Em 2023, o volume de investimento imobiliário comercial, ou de rendimento, atingiu os cerca de 1.600 milhões de euros, uma quebra de -50% face ao ano anterior. Mas os especialistas acreditam que a atividade vai recuperar este ano, aumentando 12,5% para 1.600 a 1.800 milhões de euros.

As estimativas são da consultora CBRE, que apresentava os números no seu evento “Portugal Market Outlook 2024”, a 23 de janeiro, dando nota de uma abordagem mais cautelosa por parte dos investidores, mas com um cenário mais otimista que em 2023.

Há desafios para atingir este objetivo. A escassez de produtos mantém-se em quase todas as classes de ativos tradicionais, prevendo-se que continue a impulsionar aumentos nas rendas de escritórios e espaços logísticos. Além disso, setores em fase inicial de desenvolvimento ou crescimento, como alojamento estudantil, habitação sénior, saúde e agronegócio, apresentam várias oportunidades de negócio. E a sustentabilidade vai continuar a ser uma prioridade para proprietários e inquilinos, apesar do longo caminho que há ainda a percorrer no que toca às certificações.

Francisco Horta e Costa, CEO da CBRE Portugal, partilhou que “2024 afigura-se um ano com bastantes desafios, nomeadamente no mercado de investimento onde enfrentamos a persistência de taxas de juros elevadas”. O responsável explica que isto “impacta diretamente o setor imobiliário, mantendo as yields em patamares relativamente altos, o que, por sua vez, contribui para uma menor quantidade de transações de investimento, por haver um gap de preço entre compradores e vendedores”. Está certo de que, à semelhança do que se verificou em 2023, “será um bom ano para determinados setores, nomeadamente o hoteleiro, segmentos alternativos e produtos relacionados com o setor de living”.

Participando neste debate, Assunção Cristas, professora universitária e ex-ministra, referiu que, no panorama atual, “a palavra de ordem é incerteza. O mundo está longe de estar completamente reconfigurado, e o risco climático também assume proporções consideráveis”.

Por seu turno, o economista e consultor António Ramalho destacou que “a componente financeira destaca-se como a menos incerta num ano particularmente marcado pela incerteza”. No que diz respeito à habitação, considera “crucial que os investidores estrangeiros compreendam que o mercado português é um mercado de proprietários”. O desafio central reside no facto de “quem está no mercado está bem, enquanto quem não está no mercado enfrenta dificuldades: temos de dar consistência e criar condições”.